MOVIMENTO

Centrais de trabalhadores reivindicam prorrogação do auxílio emergencial

Representações sindicais alertam sobre maior desemprego da história e risco de convulsão social sem política de renda mínima devido à pandemia
Por Gilson Camargo / Publicado em 8 de julho de 2020
Ato reuniu principais centrais sindicais em frente ao Ministério da Economia

Foto: Força Sindical/ Divulgação

Ato reuniu principais centrais sindicais em frente ao Ministério da Economia

Foto: Força Sindical/ Divulgação

As principais centrais sindicais do país realizaram na manhã desta quarta-feira, 8, ato em frente ao prédio do Ministério da Economia, em Brasília, reivindicando a manutenção do auxílio emergencial de R$ 600,00 a todos os trabalhadores até dezembro, por mais emprego e renda e em defesa da vida.

Após a manifestação, os representantes da CUT, Força Sindical, CSB, UGT, CTB e NSCT e sindicatos entregaram a representantes do ministério um documento elaborado com conjunto com o Dieese no qual propõem, entre outras medidas, a extensão do auxílio emergencial diante do agravamento da pandemia de Covid-19, mais crédito com acesso facilitado para micro e pequenas empresas comprometidas com a manutenção de empregos e um programa de retomada da economia.

Os sindicalistas não foram recebidos pelo ministro Paulo Guedes, que mesmo depois de testar negativo para a doença está em isolamento. O movimento foi organizado com a observação dos protocolos sanitários e medidas de proteção e com a utilização do aplicativo manif.app, que permite a participação remota de manifestantes.

O auxílio emergencial foi instituído pela Lei 13.892, promulgada no início de abril, para trabalhadores informais e desempregados durante a pandemia. O projeto de lei 873/2020 do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), aprovado pelo Senado, previa a inclusão de mais de 20 categorias na lista do benefício, entre eles extrativistas, assentados da reforma agrária, artesãos, profissionais da beleza (como cabeleireiros), ambulantes que comercializem alimentos, diaristas, garçons, guias de turismo, babás, motoristas de aplicativos, taxistas e catadores de recicláveis, mas foi sancionado com vetos pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

“Se o Guedes fizer metade do que ele tá dizendo, vai empurrar esse país para um quadro de convulsão social, porque é isso que vai acontecer: além da pandemia da doença, nós vamos ter a pandemia de quebradeira, de falência de empresas e as pessoas desesperadas nas ruas” (Sérgio Nobre -CUT)

Ato defendeu extensão do auxílio emergencial diante do agravamento da pandemia de Covid-19, mais crédito com acesso facilitado para micro e pequenas empresas comprometidas com a manutenção de empregos e um programa de retomada da economia

Foto: Força Sindical/ Divulgação

Ato defendeu extensão do auxílio emergencial diante do agravamento da pandemia de Covid-19, mais crédito com acesso facilitado para micro e pequenas empresas comprometidas com a manutenção de empregos e um programa de retomada da economia

Foto: Força Sindical/ Divulgação

EMPREGOS – “Nós alertamos que uma parte da população brasileira estava vulnerável e precisava de um auxílio do governo para poder sobreviver. Na verdade, já faltava emprego antes da pandemia. O auxílio de R$ 600 foi resultado da pressão dos movimentos sociais e sindical, porque o governo queria era pagar R$ 120,00”, explicou Sérgio Nobre, dirigente nacional da CUT, lembrando que “uma parte importante da população” foi excluída.

“Reivindicamos que o auxílio vá até dezembro, mas na verdade precisa de um programa que seja mantido enquanto durar a pandemia. Não tem emprego, não adianta procurar emprego agora”.

De acordo com o dirigente, entidades empresariais estão reconhecendo os efeitos da crise nas micro e pequenas empresas. De acordo com a Fecomércio, no DF mais de mil pequenos restaurantes decretaram falência.

“Nessa crise, é a pequena empresa que não sobrevive e vai ter uma pandemia de quebradeira das pequenas empresas. A gente tinha alertado o ministério da Economia que para a pequena empresa não adianta dar empréstimo, porque não tem como pagar. É fazer o que outros países fizeram na crise, dar empréstimo a fundo perdido desde que mantenham os empregos. E isso não foi feito. Nós estamos vendo no país inteiro, são as pequenas empresas que geram emprego, ao contrário do que muita gente pensa”.

 

“Nosso pedido é simples, investimento nos trabalhadores, porque ficou provado que quem produz são os trabalhadores, não o mercado financeiro”. (Flávio Werneck – CSB)

“Nessa crise, é a pequena empresa que não sobrevive e vai ter uma pandemia de quebradeira, de desemprego", alertou Nobre, da CUT

Imagem: TV Comunitária/ Reprodução

“Nessa crise, é a pequena empresa que não sobrevive e vai ter uma pandemia de quebradeira, de desemprego”, alertou Nobre, da CUT

Imagem: TV Comunitária/ Reprodução

CONVULSÃO SOCIAL – Nobre criticou as declarações do ministro da Economia, que anunciou a retomada das privatizações nos próximos meses. “Paulo Guedes está dizendo o que vai fazer: ele vai retomar as privatizações, está falando em fazer um brutal ajuste fiscal, tirar direitos da classe trabalhadora, em especial no serviço público. Ai de nós se a gente não tivesse um sistema público de saúde como a gente tem aqui nessa pandemia. Se o Guedes fizer metade do que ele tá dizendo, vai empurrar esse país para um quadro de convulsão social, porque é isso que vai acontecer: além da pandemia da doença, nós vamos ter a pandemia de quebradeira, de falência de empresas e as pessoas desesperadas nas ruas”, alertou.

SOBREVIVÊNCIA – Flávio Werneck, da CSB, lembrou que o país vive uma crise sanitária sem estratégias de governo para o enfrentamento da privação de acesso ao trabalho e à renda que atinge a maioria dos trabalhadores. “Nosso pedido é simples, investimento nos trabalhadores, porque ficou provado que quem produz são os trabalhadores, não o mercado financeiro”, resumiu.

O sindicalista, que é policial federal, destacou que a reforma trabalhista, entre outros retrocessos, atacou os sindicatos de trabalhadores. “As principais investigações policiais tem como alvo os sindicatos patronais, mas com a reforma só foi afetado quem defende o trabalho”.

Jairo Mendonça, da CTB, afirmou que o ministro Paulo Guedes não representa os interesses da sociedade brasileira, mas dos EUA. “O auxílio emergencial é uma questão de sobrevivência dos trabalhadores, porque são eles que estão desprotegidos, são eles que morrem”, alertou.

“Estamos numa guerra, é preciso colocar dinheiro em políticas públicas para o enfrentamento dessa crise, para ajudar as micro e pequenas empresas, que concentram 40% da mão de obra, a manter os empregos”. (Miguel Torres – Força Sindical)

O superministério de Guedes, que resultou da fusão das pastas do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Indústria e Comércio Exterior, Trabalho e Previdência, até agora não apresentou políticas de enfrentamento da crise gerada pela pandemia, apontou Miguel Torres, da Força Sindical. “As poucas iniciativas vieram do Congresso e da Justiça, o auxílio emergencial de R$ 600,00 foi proposta do movimento sindical”, contrapôs. “Nós estamos numa guerra, é preciso colocar dinheiro em políticas públicas para o enfrentamento dessa crise, para ajudar as micro e pequenas empresas, que concentram 40% da mão de obra, a manter os empregos”, aponta.

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