OPINIÃO

O inverno de Sara

Da Redação / Publicado em 9 de junho de 2020

Imagem: Reprodução

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Uma das mais fervorosas apoiadoras do presidente Jair Bolsonaro, a ex-feminista e neosupremacista Sara Winter já viveu dias melhores na sua militância à frente do 300 do Brasil. Investigada no inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre fake news, ela e o ex-deputado Roberto Jefferson, o empresário Luciano Hang e parlamentares do PSL foram alvo de mandados de buscas e apreensão pela Polícia Federal no final de maio, por ordem do ministro Alexandre de Moraes.

Depois de divulgar lives com insultos e ameaças ao STF e chorar a apreensão de seu tablet, notebook e celular, Sara liderou um protesto em frente ao Supremo com tochas e máscaras, numa alusão à liturgia do grupo supremacista branco Ku Klux Klan e provocações a Moraes. Divulgadas em vídeo, as imagens que evocam um passado nebuloso renderam a Sara Winter a expulsão sumária do Democratas e poderão terminar em sua prisão. Com 130 mil seguidores no Twitter e mais de 250 mil em um canal do Youtube, Sara Fernanda Giromini, 27 anos, que num passado recente deixou de lado a militância feminista por causas antidemocráticas e identificadas com o neonazismo adotou o sobrenome Winter em homenagem à militante fascista de origem inglesa que ajudou a criar a União Britânica de Fascistas nos anos 1940. É personagem central da multiplicação de células paramilitares no país a partir da eleição. A ascensão desses grupos é investigada na reportagem especial de capa desta edição.

Devastação da Amazônia

Na entrevista do mês, o ambientalista Márcio Astrini, do Observatório do Clima, avalia a agenda antiambiental do governo Bolsonaro e do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Com base em dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), avalia que o desmatamento na Amazônia dobrou no último ano e que, desde agosto de 2019, o acumulado em termos de área devastada atinge 90% da região. “No campo há uma situação inédita: o crime ambiental está tomando conta da região amazônica, está sendo oficializado como prática de exploração (…) E não há outra explicação para isso a não ser o discurso sistemático do presidente da República contra a preservação ambiental”, alerta.

EaD, seca e privatizações

A adesão involuntária ao ensino a distância em virtude do isolamento imposto pela pandemia da Covid-19 expõe uma realidade para a qual especialistas em educação já vinham alertando há muito tempo. Em um país no qual o acesso à tecnologia é privilégio de poucos, a EaD tende a ser mais uma forma de exclusão. De acordo com o IBGE, 40% dos domicílios não possuem banda larga e muitas vezes o acesso à internet se dá apenas por celular, situação comum em comunidades com populações de baixa renda nos grandes centros. Também é destaque na edição o agravamento da crise da agricultura. O setor, que já não vinha bem,  sofre os impactos da pandemia e da terceira maior estiagem em 15 anos. O resultado é uma quebra da safra de 30% em todas as culturas, exceto o arroz e a soja. Enquanto isso, a saúde pública levada ao limite de sua capacidade com as internações de pacientes com Covid-19 deve enfrentar a privatização de hospitais públicos de referência como o Hospital de Clínicas de Porto Alegre e o Grupo Hospitalar Conceição. As duas instituições foram listadas pelo Ministério da Economia como estatais a serem vendidas para a iniciativa privada.

Confira ainda as notícias do ensino privado, a programação especial da Fundação Ecarta e os colunistas do Extra Classe.

 

Boa Leitura!

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