OPINIÃO

10 questões antes do novo golpe

Por Moisés Mendes / Publicado em 7 de dezembro de 2016

10 questões antes do novo golpe

Arte: Fábio Alves (Bold Comunicação)

Arte: Fábio Alves (Bold Comunicação)

Algumas interrogações e subperguntas que talvez nunca venham a ter resposta completa. Estas são as minhas. Acrescente as suas.

1 – O que as pessoas quiseram dizer nas passeatas de rua de domingo passado? Guerra à corrupção de alguns? Quantos foram às ruas para defender o juiz Sergio Moro como super-herói justiceiro? Quantos são militantes genéricos e históricos antiPT? Quantos são tucanos tentando ajudar no encaminhamento do golpe dentro do golpe? Quantos somente seguem a turma, na inércia das passeatas, com bandeiras e camisetas da Seleção, sem saber direito para onde vão? Quantos têm outros desejos secretos que poucos explicitam, como a possibilidade de um golpe militar? E quantos estavam sem o que fazer no domingo?

2 – Por que o homem do Jaburu foi poupado até agora nas manifestações de rua? Seria porque uma maioria tucana que participa das manifestações sabe o que faz e espera a hora certa de atacar, ou porque a classe média seletiva quer mesmo preservar Michel Temer e os que o cercam?

3 – Por que a Globo escondeu Michel Temer na cobertura do velório em Chapecó? Escondeu porque ele simplesmente é impopular? Ou porque quis dizer que o homem não tem mais o seu apoio? Ou porque a imagem de Michel Temer fica feia na TV?

4 – Se o juiz Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol, que comandam a Lava-Jato, são de fato medianos ou mesmo medíocres, como dizem alguns, quem conduzirá a operação quando as delações da Odebrecht pegarem gente graúda da direita, como José Serra e Aécio Neves? O que será da Lava-Jato se os seus dois líderes perderem o controle do processo por falta de talento para levá-lo adiante?

5 – Na crise institucional entre os poderes, qual será a próxima etapa, depois da investida do ministro Marco Aurélio contra Renan Calheiros e da reação do Senado? Como o Congresso, que já está acuado com a pressão pelas 10 medidas anticorrupção, dará o troco no Ministério Público e no Judiciário?

6 – A base social do lulismo (beneficiários do Bolsa Família, ProUni, Minha Casa Minha Vida, trabalhadores com salário mínimo com ganho real etc) ficará quieta por quanto tempo, ou a classe média terá a hegemonia das manifestações seletivas contra a corrupção? O povo continuará perdendo renda, emprego e futuro sem dizer nada; ou é assim mesmo, o povo não participa nunca de manifestações de rua contra ou a favor de alguém?

7 – A CUT continuará sozinha no questionamento do governo golpista e dos desdobramentos do golpe, ou os aproveitadores das outras centrais embarcadas saltarão fora do apoio ao governo (como já ensaiam que farão), quando sentirem que o barco vai adernar? Quem se deu conta de que alguns deles já começaram a jogar para a torcida?

8 – Promotores, procuradores e juízes contrariados com as ações seletivas e a hipertrofia do Ministério Público e do Judiciário continuarão expedindo notas críticas, lá de vez em quando, ou em algum momento marcarão posição categórica sobre os desmandos da Lava-Jato?

9 – O que os tucanos, seus apoiadores na imprensa, o pato da Fiesp e os articuladores do golpe farão a partir de agora, considerando-se que o homem do Jaburu fracassou, que o golpe dentro do golpe (com eleição indireta em 2017) pode não ser um bom negócio e que a eleição para presidente, em 2018, é uma incógnita para a direita?

10 – Quem seriam os nomes para uma eventual eleição indireta que contemple a maioria de ‘centro’ e de direita do Congresso? Fernando Henrique Cardoso, Nelson Jobim, Joaquim Barbosa ou a alma de um político morto há muito tempo, já que entre os mortos recentes e os vivos, incluindo os citados, não há muito o que escolher.

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