POLÍTICA

Futuro ministro condenado beneficiou Suzano

Dona de 1,17 milhão de hectares e protagonista de conflitos agrários, gigante da celulose foi favorecida em mudanças de zoneamento por Ricardo Salles
Por Leonardo Fuhrmann e Bruno Stankevicius Bassi* / Publicado em 20 de dezembro de 2018
O futuro ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, na cerimônia de diplomação do presidente eleito, Jair Bolsonaro, no TSE.

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O futuro ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles foi condenado por improbidade ao alterar de forma irregular o Plano de Manejo Ambiental de SP para beneficiar empresas

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O futuro ministro do Meio Ambiente do governo Jair Bolsonaro, Ricardo de Aquino Salles (Novo), foi condenado na última quarta-feira, 19, por improbidade administrativa em decorrência da acusação do Ministério Público do Estado de São Paulo por tentar alterar de maneira irregular o Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental (APA) Várzea do Rio Tietê com o objetivo de favorecer uma série de indústrias. Salles comandou a Secretaria de Estado do Meio Ambiente entre julho de 2016 e agosto de 2017, durante o governo tucano de Geraldo Alckmin, sendo removido após tornar-se réu no inquérito. Pela sentença ele pagará multa e perderá os direitos políticos por três anos. Como trata-se de decisão de primeira instância, ainda cabe recurso.

De Olho nos Ruralistas teve acesso à íntegra da ação civil pública ambiental e de improbidade administrativa. O observatório identificou, entre as empresas beneficiárias da suposta fraude ambiental, um dos gigantes do agronegócio brasileiro: a Suzano Papel e Celulose S/A.

Segundo a denúncia, o conglomerado comandado pelos irmãos Feffer foi citado em pelo menos duas reuniões, convocadas por uma assessora técnica do gabinete de Ricardo Salles, Roberta Buendia Sabbagh. Nesses encontros, a assessora pressionou representantes do Núcleo de Planos de Manejo da Fundação Florestal – órgão responsável pela gestão das Unidades de Conservação no estado de São Paulo – para alterar o zoneamento da APA Várzea do Tietê, a pedido da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

O objetivo das alterações seria favorecer a Suzano. Segundo um dos depoentes do inquérito, a empresa “seria prejudicada caso fosse mantido o mapa original”. Daniel Feffer, diretor da Suzano ao lado do irmão David, é um dos integrantes do Conselho Superior Estratégico da Fiesp. Salles, por sua vez, foi membro do Conselho Superior do Agronegócio da federação. A empresa não foi denunciada na primeira ação proposta à Justiça sobre o caso.

*Repórteres do observatório De Olho nos Ruralistas em parceria com o jornal Extra Classe.

Comentários