POLÍTICA

Bolsonaro manda atrasar divulgação de dados do Covid-19

Brasil passa a terceiro em mortes por covid-19 no mundo e governo assume estratégia de negar informações à população ao reter dados da pandemia para que não cheguem à tempo nos telejornais da noite
Por César Fraga / Publicado em 5 de junho de 2020
Presidente escancara a estratégia de sonegar informações sobre pandemia à imprensa e à população

Foto: Isac Nóbrega/PR

Presidente escancara a estratégia de sonegar informações sobre pandemia à imprensa e à população

Foto: Isac Nóbrega/PR

Repercute nesta sexta-feira, 5, a ordem direta do presidente da república Jair Bolsonaro para atrasar deliberadamente a divulgação de boletins epidemiológicos sobre a disseminação do novo coronavírus no país. De acordo com uma fonte no alto escalão do governo ao jornal Correio Brasiliense, a decisão é permanente e, a partir de agora, a divulgação será apenas às 22 horas.

A determinação já começou a valer na última quinta-feira, quando o país figurou em terceiro no ranking mundial de mortes por covid-19 e voltou a bater recorde de óbitos causadas pela doença. Com 1.473 contabilizados nas em 24 horas, além de mais de uma morte por covid-19 por minuto e novo recorde diário. O país atingiu a marca de 34.021 vidas perdidas. O Brasil registrou, ainda, mais 30.925 casos do novo coronavírus, totalizando 614.941 infectados.

O novo mando presidencial escancara a  estratégia da do governo em evitar que os dados estejam disponíveis no horário dos telejornais noturnos, período em que as televisões têm maior audiência, pois muitos dos brasileiros estão em casa. Mesmo sem anúncio oficial, a ordem foi dada para que os dados sejam enviados à imprensa apenas no final da noite, mesmo que estejam prontos às 19 horas. Desde a demissão de Luis Henrique Mandetta da pasta, já passou a existir irregularidade

Conforme circula nos bastidores do ministério, a intenção de atrasar a divulgação dos dados existe desde a gestão Mandetta. No entanto, à época, o titular da pasta se recusou a acatar a ordem alegando que geraria forte impacto na resposta a pandemia.

A sonegação assumida de informações sobre a pandemia aos órgãos de imprensa profissional somada às evidências de o Governo estaria investido altas somas em sites especializados em divulgar notícias falsas e até pornografia faz crescer a crise política em torno do presidente.

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