SAÚDE

Brasil tem mais de 550 mortes e 12 mil infectados por coronavírus

Distrito Federal, Amazonas, Ceará, São Paulo e Rio de Janeiro já superam em 50% a média nacional de contágio, que é de 5,7 por 100 mil habitantes
Da Redação / Publicado em 6 de abril de 2020
Servidores fizeram vigília em frente ao prédio do Ministério da Saúde após rumores sobre a demissão de Mandetta e sua substituição por Osmar Terra na pasta

Foto: Twitter/ Reprodução

Servidores fizeram vigília em frente ao prédio do Ministério da Saúde após rumores sobre a demissão de Mandetta, mais uma vez mantido no cargo por pressão da cúpula militar do governo

Foto: Twitter/ Reprodução

Ministro da Saúde vem sendo ameaçado de demissão por Bolsonaro por manter o isolamento social durante a pandemia de coronavírus

Foto: Agência Brasil

Ministro da Saúde vem sendo ameaçado de demissão por Bolsonaro por manter o isolamento social durante a pandemia de coronavírus

Foto: Agência Brasil

O Brasil chegou a 553 mortes em razão da pandemia do novo coronavírus nesta segunda-feira, 6, segundo atualização divulgada à tarde pelo Ministério da Saúde em uma coletiva sem a presença de ministros, na qual secretários de cada pasta responderam às perguntas de jornalistas. Às 20h, novas notificações dos estados elevaram o total de óbitos para 564 e total de 12.161 casos confirmados da covid-19.

Dada como certa para esta segunda-feira, a demissão do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, chegou a anunciada em redes sociais e noticiada pelo grupo Globo, mas acabou desmentida diversas vezes. O Palácio do Planalto não confirmou a informação até o início da noite – Mandetta seguiria no cargo com o apoio da cúpula militar do governo.

A coletiva de imprensa do Ministério da Saúde, que a partir da semana passada passou a integrar outros ministérios iniciou sem a presença do ministro. Ele estava em uma reunião de ministros com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e se juntou à equipe mais tarde e disse que permanece no cargo.

A crise no Palácio piorou no final de semana depois que o presidente ameaçou integrantes do governo de demissão, sem citar Mandetta. “Algumas pessoas do meu governo, algo subiu à cabeça deles. Estão se achando demais. Eram pessoas normais, mas, de repente, viraram estrelas, falam pelos cotovelos, tem provocações. A hora D não chegou ainda não. Vai chegar a hora deles, porque a minha caneta funciona”, disse Bolsonaro em um video divulgado em redes sociais. Por telefone, Mandetta desabafou aos ministros Braga Netto, da Casa Civil, e Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo: “Ameaça não dá. O presidente tem de tomar uma decisão”.

Números da pandemia avançam a cada dia: desde o registro do primeiro contágio, país já registrou mais de 500 mortos

Arte: Ministério da Saúde

Números da pandemia avançam a cada dia: desde o registro do primeiro contágio, país já registrou mais de 500 mortos

Arte: Ministério da Saúde

PANDEMIA – O número de mortes na pandemia representa um aumento de 13% em relação a domingo, quando foram registrados 486 óbitos. São Paulo segue como epicentro da pandemia com mais da metade das mortes de todo o país (304). O governador do estado, João Dória (PSDB) prorrogou a quarentena por mais 15 dias. Seguem Rio de Janeiro (71), Pernambuco (30), Ceará (29) e Amazonas (19). Foram registradas mortes no Paraná (11), Distrito Federal (10), Santa Catarina (10), Minas Gerais (nove), Rio Grande do Norte (sete), Rio Grande do Sul (atualizado à noite pela SES/RS para 501 casos e oito mortes), Espírito Santo (seis), Goiás (cinco), Paraíba (quatro), Sergipe (quatro), Piauí (quatro), Pará (três), Maranhão (dois), Alagoas (dois), Rondônia (um), Roraima (um), Mato Grosso (um) e Mato Grosso do Sul (um).

Foram confirmados até o início da tarde 12.161 casos de contágio por coronavírus em todo o território nacional. O número marca um crescimento de 8% em relação ao balanço de domingo, quando eram 11.130. A taxa de letalidade do país permaneceu em 4,4%.

No balanço desta segunda-feira, foram confirmadas 67 novas mortes, índice menor do que em dias anteriores. Contudo, o ritmo avança. Há uma semana, no dia 30 de março, o número de mortes estava em 159. No período, a elevação do total foi de 350%. Já os casos confirmados somavam 4.579 há sete dias, o que representou um avanço de 263% até o resultado atual, 12.056 casos.

Nas últimas 24 horas, desde a tarde de domingo o número de novos casos confirmados foi de 926, menor do que em outros dias da semana passada. O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Wanderson de Oliveira, destacou o ritmo de avanço da pandemia no país.

Os ministros da Casa Civil, Walter Braga Netto; e da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos ouviram desabafo de Mandetta: "Ameaça não dá"

Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil

Os ministros da Casa Civil, Walter Braga Netto; e da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos ouviram desabafo de Mandetta: “Ameaça não dá”

Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil

Os estados com as maiores taxas de incidência da doença por 100 mil habitantes são Distrito Federal, Amazonas, Ceará, São Paulo e Rio de Janeiro, que estão na faixa de emergência, já que a taxa de incidência é 50% maior que a taxa nacional, 5,7 por 100 mil habitantes. O coeficiente de incidência do DF é a maior do país: 15,5 por 100 mil habitantes. De acordo com o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira, Brasília reforçou as medidas de contenção social. “Sou cidadão do Distrito Federal, moro aqui e tenho visto que as pessoas têm saído mais. Esperamos que compreendam a necessidade do afastamento social. Isso é temporário e o governo do DF é o responsável pelas instruções à sociedade local. As pessoas devem seguir as orientações das autoridades de saúde do seu estado e município”, ressaltou.

Wanderson reiterou a importância do distanciamento social como medida preventiva a um colapso do sistema de saúde nos estados. “O distanciamento social o paciente não é para impedir a transmissão. Equivoca-se quem acha que seja para isso. O paciente é o sistema de saúde, não é a pessoa. A gente vai continuar tendo surtos agregados de casos localizados em algumas unidades. Agora, fazer uma transição direta, sem termos os condicionantes de saúde, que são os equipamentos de proteção individual, respiradores mecânicos, testes laboratoriais e leitos em quantidade suficiente é temerário. Tenho convicção que os estados e municípios estão fazendo todo o esforço possível para garantir esse quantitativo, embora a epidemia não seja igual em todos os estados”.

A equipe do Ministério da Saúde anunciou uma redução do isolamento, já a partir da próxima semana, em cidades com mais de 50% da capacidade de atendimento médico disponível, que poderiam passar do Distanciamento Social Ampliado (DSA) para uma transição ao Distanciamento Social Seletivo.

O Distrito Federal, Amazonas, Ceará, São Paulo e Rio de Janeiro já superam em 50% a média nacional de contágio, que é de 5,7 por 100 mil habitantes

Na comparação entre estados, o ministério utiliza o indicador de incidência por 100 mil. A média nacional está em 5,7. Acima dela e que demandam uma atenção maior estão São Paulo, Rio de Janeiro, Amazonas, Ceará e Distrito Federal. Próximo da média, mas que implica atenção, estão Rio Grande do Norte e Roraima. O restante dos estados está abaixo da média de incidência.

Já na comparação entre países, o secretário do Ministério da Saúde disse que o Brasil está em 15º lugar em número de casos confirmados, em 13º em número de óbitos e em oitavo em taxa de letalidade (a média global é de 5,1%).

Em relação ao perfil das mortes, 58% eram homens e 42% eram mulheres. No recorte por idade, 81% tinham acima de 60 anos. Na semana passada, esse percentual era de 90%. Já sobre as complicações associadas ao óbito, 237 tinham cardiopatia, 169 possuíam diabetes, 57 apresentavam alguma pneumopatia e 39 experimentavam alguma condição neurológica. As hospitalizações atingiram 2.424.

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