SAÚDE

Brasil deverá atingir 1 milhão de casos e 50 mil mortos por coronavírus até o dia 20

Ferramenta criada pelo Instituto de Informática da Ufrgs busca similaridades no mundo e faz projeções baseada no comportamento do vírus em outros locais
Por César Fraga / Publicado em 2 de junho de 2020
Brasil deverá atingir 1 milhão de casos e 50 mil mortos por covid-19 até 20 de junho

Foto: Agência Brasília

Imensa maioria das capitais brasileiras flexibilizaram o afastamento social antes do pico da pandemia

Foto: Agência Brasília

De acordo com a plataforma estatística do Instituto de Informática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufgrs), o Brasil deve chegar a 1 milhão de casos de contaminados pelo novo coronavírus em pouco mais de duas semanas. A ferramenta criada na própria universidade para buscar similaridades no mundo e fazer projeções.

A projeção calculada é de que esta marca contaminação deve ser atingida em 20 de junho, quando o número de óbitos pela covid-19 deverá chegar a 50 mil mortes no país. O professor João Luiz Comba, criador e coordenador da plataforma Covid -19 Analysis Tools pondera que diante da flexibilização do afastamento social nas últimas semanas os números podem ser mais elevados, representando portanto, um patamar mínimo.

Na simulação realizada para o Extra Classe, no Rio Grande do Sul nos próximos sete dias teremos  entre 278 e 283 óbitos e, em Porto Alegre, de 48 a 49 mortes.

Para o Rio Grande do Sul, a projeção até o dia 21 de junho é de 21.925 casos e entre 347 a 353 óbitos. Para Porto Alegre, a previsão é de alcançarmos 868 casos e entre 65 e 76 óbitos. “O número mais fácil de errar é o do número de casos, pois depende da testagem”, explica Comba.

De acordo com os dados estaduais da Secretaria da Saúde (SES), nesta terça-feira, 2, temos 9.496 casos confirmados, com 232 óbitos no Rio Grande do Sul. Conforme dados da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Porto Alegre o total de casos é 744 casos confirmados e 37 óbitos.

Até o final de maio o Brasil já havia passado dos 500 mil casos e no dia 1º de junho, pouco mais de três meses depois da primeira notificação de covid-19 no Brasil, já encostava nos 30 mil óbitos, marca que deverá ser ultrapassada neste dia 2, após anuncio do Ministério da Saúde.

Os números do Ministério da Saúde mostram que a pandemia ainda está em crescimento no país. Segundo as projeções do próprio Governo, o país ainda está na fase de aceleração de casos. O pico deve chegar apenas por volta da metade de junho, momento em que a plataforma da Ufrgs estima 1 milhão de casos no Brasil.

Quando iniciou a pandemia nós passamos a analisar a visualização de dados em vários lugares do mundo. Este foi nosso objetivo inicial. Conseguir olhar para os dados. Em algum momento os dados do Brasil pareciam com os dados da Suécia ou São Paulo parecia com Estocolmo. Foi quando começamos a fazer visualizações comparativas.

No site tem outras iniciativas com vários painéis de acompanhamentos de dados, inclusive de leitos de UTI em POA. Há também um link de busca por literatura sobre o Covid-19.

Ferramenta permite buscar similaridades entre regiões do mundo

Brasil deverá atingir 1 milhão de casos e 50 mil mortos por covid-19 até 20 de junho

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O Instituto de Informática da Ufrgs criou uma ferramenta que busca similaridades do novo coronavírus entre regiões de todo o mundo.

O sistema, chamado de Covid-19 Analysis Tools, possibilita que o usuário pesquise dados sobre a Covid-19 por cidade, estado ou país e encontre outras localidades que apresentem informações semelhantes de casos e mortes provocados pela doença.

As fontes que alimentam as buscas são ECDC, Brasil.IO, PHAS, NY Times, ISC and PHE, e, segundo o professor do INF, João Luiz Comba, responsável pelo projeto, as atualizações são diárias.

“A pandemia tem diferentes estágios em cada uma das regiões do mundo. O objetivo da ferramenta é permitir, dentro de um contexto, que o usuário consiga dados de uma maneira rápida e fácil”, explica ele.

Ao navegar pelo site, o usuário pode fazer as suas buscas de maneira livre e analisar/comparar os dados como achar mais adequado em quatro categorias: as nove regiões com similaridade da epidemia em número de casos, em número de mortes, casos por 100 mil habitantes e mortes por 100 mil habitantes. “Definimos essas quatro diferentes possíveis comparações para verificar como uma região está próxima da outra”, diz o professor Comba.

BUSCAS – O usuário, ao navegar Covid-19 Analysis Tools, encontrará um banco de dados que mostrará como os casos e os óbitos em decorrência do novo coronavírus estão evoluindo em determinadas cidades.

A pesquisa pode ser feita digitando o nome da cidade, a sigla do estado ou o nome do país. Um alerta: os nomes das cidades estrangeiras e de todos os países estão disponíveis na língua inglesa. Por exemplo: Brazil, Spain, Japan, Tennessee. Ainda não estão disponíveis todas as cidades.

Flexibilização pode alterar os números para cima

Professor João Luiz Comba, da Ufrgs

Foto: Ufrgs/Divulgação

Professor João Luiz Comba, da Ufrgs

Foto: Ufrgs/Divulgação

O Extra Classe conversou com o professor João Luiz Comba sobre a plataforma e sua aplicabilidade.

Extra Classe – Como surgiu a plataforma Analysis Tools?
João Luiz Comba – A minha área de pesquisa é visualização em análise de dados. Então, quando começou a pandemia, o objetivo foi, junto meus alunos, tentar colaborar dentro das nossas competências. Como não sou médico, estou tentando ajudar de alguma maneira. Foi então que avaliamos que seria muito interessante se tivéssemos um mecanismo de busca como se fosse o Google. O usuário coloca ali Porto Alegre, por exemplo e vão aparecer as cidades com características. O mesmo vale para Rio grande do Sul ou outros lugares.

EC – Quais são os critérios?
Comba – Para fazer essa comparação automática a gente começou a pensar nos critérios: número de casos, número de óbitos ou tentar ponderar pela população também, que é um dado importante. Ou seja, ponderar as duas informações por população correspondente. Na última aba mais à direita na interface. Ela permite entrar no local em escolhido e a plataforma retorna quais são as similaridades. A partir disso podem ser alternados os critérios conforme pesquisa comparativa. Se é por casos, por óbitos etc. Nesta aba não tem a previsão, que consta aba do meio.  A interface segue um modelo bem simples, desde que implementamos inicialmente, para poder acompanhar os dados que a gente estava gerando e mantivemos assim pela facilidade de uso. Inclusive, esse nem era o foco principal do estudo que estávamos fazendo.

EC – E qual era o foco?
Comba – O foco principal era mais o de fazer a busca por similaridades. Entretanto, esse modelo simples que desenvolvemos começou a dar resultados bem próximos a outros resultados que estavam sendo divulgados. Principalmente ao compararmos dados períodos de passado recente similares e específicos, o que permitia  aplicar o mesmo modelo para projeções futuras. Como esse tipo de projeção, existem umas duzentas ou trezentas na internet, a gente fez a nossa, alcançando resultados muito razoáveis. Agora, fica um alerta. A estimativa é difícil de fazer, porque com essas medidas de flexibilização de distanciamento social esses dados pode mudar completamente, mas para pior. Acho que nossa estimativa  de patamar mínimo. Com a flexibilização os números podem ser mais elevados. Mas isso também vai depender da testagem.

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