País supera 1 milhão de infectados e tem 48,9 mil mortes por Covid-19

Foto: Rovena Rosa/ Agência Brasil
Estação Pinheiros, em São Paulo. O estado registrou 386 mortes por coronavírus nas últimas 24 horas, total de 12.232 desde o início da pandemia e próximo ao recorde de terça, quando ocorreram 389 óbitos
Foto: Rovena Rosa/ Agência Brasil
O Brasil chegou a 1 milhão de casos de coronavírus na tarde desta sexta-feira, 19, revela boletim extra do levantamento feito pelo consórcio de veículos de imprensa a partir de dados das secretarias estaduais de Saúde.
As notificações das secretarias de Saúde de 26 estados e do Distrito Federal sobre contágio e óbitos por Covid-19, segundo o levantamento, totalizam 1.009.699 casos confirmados e 48.422 mortes mortes. Já o balanço divulgado no início da noite pelo Ministério da Saúde informa 1.032.913 casos e 48.954 óbitos.
Os dois levantamentos antecipam a projeção feita pela plataforma estatística do Instituto de Informática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufgrs). A estimativa era que esse patamar fosse atingido somente no próximo domingo.
A plataforma Covid-19 Analysis Tools criada na própria universidade para buscar similaridades no mundo e fazer projeções estima que o país terá 50 mil mortes até domingo. De acordo com o professor João Luiz Comba, coordenador do projeto, devido à flexibilização do afastamento social nas últimas semanas os números podem ser ainda mais elevados, ou seja, as projeções representam um patamar mínimo.

Fonte: Covid-19 Analysis Tools/ Ufrgs
Fonte: Covid-19 Analysis Tools/ Ufrgs
O resultado da reabertura: 100 mortes por semana

Fonte: Covid-19 Analysis Tools/ Ufrgs
Fonte: Covid-19 Analysis Tools/ Ufrgs
Em uma simulação realizada para o Extra Classe no início do mês, a projeção era de 21.925 casos e até 353 óbitos até o dia 21 de junho – o estado registrou nesta sexta-feira 18.587 infectados e 423 mortes.
Em uma nova simulação, Comba estima que o RS deve registrar, a partir da próxima semana, uma média de cem óbitos por semana: 500 até o dia 26 de junho, 600 até o final do mês, 700 no dia 5 de julho, 800 em 9 de julho e chegar a mil mortes por volta do dia 17 de julho.
Segundo ele, “o número de casos é o mais fácil de errar, pois depende da testagem e medidas de distanciamento social”.
O cenário traçado a partir da tendência de crescimento do contágio, segundo o especialista é de 1,5 milhão de casos no país até o dia 10 de julho.
Já a escalada de mortes por Covid-19 em nível nacional poderá ser de 10 mil a cada 15 dias a partir de agora. “O Brasil atinge 60 mil óbitos por volta de 3 de julho e 70 mil em 18 de julho”, estima.

Foto: Divulgação
Movimento no comércio em Caxias do Sul
Foto: Divulgação
CENÁRIO ALARMANTE – Um estudo desenvolvido por cientistas de dados da Funcional Health Tech, plataforma independente de dados do setor de saúde, por sua vez, projeta que o pico de contaminação pela Covid-19 no Rio Grande do Sul será no dia 30 de junho.
O resultado apresenta um cenário mais alarmante do que o previsto até agora por outras projeções, mas chegou-se a ele a partir de uma modelagem matemática utilizada com êxito nas principais epidemias vividas no mundo nos últimos cem anos, destaca a diretora da Funcional, Raquel Marimon.
“Nosso objetivo com essa pesquisa é mostrar para os gestores de saúde de cada município que é possível fazer análises regionais com o suporte da ciência de dados para apoiá-los na definição de protocolos mais assertivos de acordo com o cenário local”, destaca.
“No Brasil, o levantamento revela ainda que o pico de contaminação será em 6 de julho com 1,7 milhões de contaminados, 0,85% da população. No estado, o número acumulado de pessoas infectadas é 3 milhões, porém, acreditamos que somente uma parte será diagnosticada com o vírus, o qual estimamos em cerca de 428,5 mil”.
O professor do mestrado em virologia da Universidade Feevale, Fernando Spilki, único pesquisador atuante na região Sul a integrar o Comitê de Especialistas Rede Vírus, do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, reconhece que o ritmo do contágio por coronavírus no estado aumentou muito nos últimos 30 para 40 dias.

Foto: Universidade Feevale/ Divulgação
“Estamos a mercê da vontade do vírus”, alerta Spilki, da Feevale
Foto: Universidade Feevale/ Divulgação
“Parece que saímos da nossa zona de conforto. O estão abriu o distanciamento a partir do dia 11, como já vinha acontecendo no período do dia das mães. Vejo uma disposição muito pequena da sociedade para retomar qualquer estratégia de distanciamento mais rigorosa. A gente não fez o lockdown, no contexto nacional não se tomou medidas para o controle efetivo, estamos a mercê da vontade do vírus”, critica.
Segundo Spilki, para mudar essa configuração, “agora temos poucas balas, a bala de prata seria o distanciamento de duas semanas lá no início da pandemia. Não sei se há ambiente de gestão política para isso nesse momento”.
Para o professor, seria necessário incrementar a testagem inteligente, que consiste no rastreamento de contatos de pessoas infectadas.
“Hoje o teste é só para o caso crítico, basicamente pacientes de UTI para ver se libera leito. É importante no contexto do hospital, mas para a sociedade, a melhor estratégia seria a testagem inteligente. Onde deu certo foi feito assim, mesmo nos EUA, onde as ações foram confusas no início, o rastreamento de contatos se mostrou eficaz no controle da curva”. Para Spilki, a proposta do reitor da UPel, Pedro Hallal, de um lockdown nacional de 15 dias, pode mudar o cenário desde que acompanhada de testagem e “uma tomada de consciência da sociedade para voltar a partir de uma visão mais estratégica”.