SAÚDE

Paciente faz transplante duplo de pulmão no Dia Nacional da Doação de Órgãos

Natural da Bahia, ela era portadora de fibrose cística e estava há oito meses em Porto Alegre a espera de pulmões compatíveis. Mãe agradece à família doadora e informa que a filha se recupera bem
Por Stela Pastore / Publicado em 1 de outubro de 2021

Foto: Arquivo Pessoal/Facebook

Foto: Arquivo Pessoal/Facebook

Na madrugada de segunda-feira, 27 de setembro, Dia Nacional da Doação de Órgãos, a baiana Maríndia Cecchetti Lahm, 30 anos, recebeu a ligação que esperava há cerca de um ano: podia se dirigir a Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre para realizar o transplante duplo de pulmão.

Natural do município de Luís Eduardo Magalhães (BA), ela mudou-se para Porto Alegre há oito meses para estar mais próxima do hospital quando ocorresse uma doação de pulmões compatível. Era um dos 105 pacientes em lista no Rio Grande do Sul que aguardam pela doação de pulmões.

No dia 27, Maríndia participaria do painel virtual Quando um sim salva vidas, do projeto Cultura Doadora, da Fundação Ecarta, para contar sobre o processo que a levou à lista de espera por pulmões. Na madrugada de segunda-feira, emocionada, ela avisou a equipe que não poderia participar do diálogo porque havia sido chamada para transplante e estaria em meio a cirurgia possibilitada pelo sim de alguma família doadora.

Portadora de fibrose cística, doença genética, incurável e progressiva, Maríndia tinha apenas 27% de capacidade pulmonar. Formada em Medicina Veterinária desde 2013,  precisou abandonar o trabalho para ultrapassar os obstáculos da doença e entrar na fila de transplante pulmonar. Teve o diagnóstico correto somente aos 14 anos de idade. Desde então, luta para atrasar a doença e continuar a viver. O dia chegou numa data muito especial.

30 anos do primeiro transplante

A equipe médica que acompanha Maríndia informou que o transplante ocorreu muito bem e que a paciente se recupera do procedimento. A mãe, dona Antoninha Cecchetti, que veio acompanhar a filha, comemora: “Ela está reagindo bem. A médica da UTI mandou uma foto dela fazendo sinal de paz e amor com os olhos abertos. Que alegria!”, contou ao Extra Classe. “Estou muito feliz e também angustiada porque é um processo, mas está dando tudo certo. Queremos muito agradecer especialmente à família doadora e a todas as pessoas que de uma forma ou de outra tem ajudado a salvar a vida da minha filha”, ressaltou nesta quinta-feira, 30.

O primeiro transplante pulmonar da América Latina ocorreu há 30 anos, mesma idade de Maríndia, realizado em paciente com o mesmo diagnóstico que ela: fibrose cística. O médico que realizou o procedimento pioneiro na Santa Casa de Porto Alegre, o pneumologista José Camargo é o mesmo que chefia a equipe que transplantou Maríndia na segunda-feira, dia em que ocorreram vários transplantes em Porto Alegre e no Brasil.

Dados de junho mostram 45.664 adultos e 865 crianças aguardando por transplante no Brasil. O Rio Grande do Sul já foi líder em doação de órgãos e atualmente ocupa o oitavo lugar. O número de transplantes feitos pelo SUS em 2020 foi o menor em oito anos em decorrência da pandemia.

Mais de 40% dos familiares negam a doação de órgãos nos casos de morte encefálica, em geral, por desinformação. A doação de órgãos de um paciente salva até oito pessoas e dá qualidade à vida para outros pacientes. Apenas pacientes com morte encefálica são doadores de múltiplos órgãos e do total de óbitos apenas 2% tem morte encefálica.

Para saber mais sobre doação de órgãos

A Fundação Ecarta promove, há nove anos, o projeto Cultura Doadora, criado para divulgar informações sobre a doação de órgãos e tecidos, bem como lutar por melhorias no sistema estadual de forma a reduzir o tempo de espera por órgãos no Rio Grande do Sul e país.

De 26 de setembro a 1º de outubro, o projeto realizou a Semana da Doação de Órgãos, com uma programação virtual intensa para dar visibilidade à causa. Os painéis, que contaram com a participação de médicos, enfermeiros, famílias doadoras, pré e pós-transplantados, foram gravados e podem ser acessados no Canal da Fundação Ecarta no Youtube.

Instituições de ensino de todo o estado que desejarem levar o tema para a sala de aula podem entrar em contato com a Fundação Ecarta pelo telefone 51. 4009.2970 ou pelo e-mail culturadoadora@fundacaoecarta.org.br. A Fundação Ecarta conta com  a parceria de médicos e enfermeiros e disponibiliza subsídios pedagógicos para atender às demandas sem custos.

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