SAÚDE

Transplantes de coração caíram pela metade no RS

Em painel virtual nesta quinta-feira, 16, o médico Lucas Krieger Martins, do Instituto de Cardiologia, abordará esta questão e todo o processo que vai da doação ao acompanhamento do pós-transplante
Por Redação / Publicado em 14 de dezembro de 2021

Foto: Igor Sperotto

Foto: Igor Sperotto

Um ano antes do início da pandemia foram realizados 26 transplantes no Rio Grande do Sul; em 2020, caiu para 13; e até novembro deste ano, foram realizados apenas 12. Em contrapartida, a lista de espera pelo transplante cresce. De 15 pessoas 2019 foi  para 16 no ano passado e 18 até novembro deste ano, pelos dados da Associação Brasileira de Transplantes (ABTO) e Secretaria da Saúde do estado.

O projeto Cultura Doadora, da Fundação Ecarta, promove nesta quinta-feira, 16, painel virtual sobre o tema com a participação do coordenador do Departamento de Cirurgia do Instituto de Cardiologia, o médico Lucas Krieger Martins. A atividade inicia às 19h30, com

Foto: Arquivo Pessoal

Lucas Krieger Martins, cardiologista transplantador

Foto: Arquivo Pessoal

transmissão ao vivo pelo canal da Fundação Ecarta no Youtube.

Participam da atividade também a transplantada de coração há 2 anos e 4 meses, Aline Maske, de 31 anos; e a gerente da Organização de Procura de Órgãos (OPO7), Ivana Faccioli Pessato.

A OPO7, ou OPO Cirúrgica, situada no Instituto de Cardiologia, é integrada pela equipe de médicos e enfermeiros responsável por captar, acondicionar e transportar os órgãos até os centros transplantadores do Estado. A apresentação do painel será feita pelo presidente da Fundação Ecarta, Marcos Fuhr.

Meio século de transplantes

Foto: Instituto do Coração do RS/Divulgação

Ivo Nesralla: primeiro transplante em 1984

Foto: Instituto do Coração do RS/Divulgação

O primeiro transplante da América Latina foi realizado no Brasil há 53 anos pelo cirurgião Euryclides de Jesus Zerbini, em São Paulo. No RS, o primeiro transplante de coração foi realizado há 37 anos pelo cardiologista Ivo Nesralla.

Ao projeto Cultura Doadora, Nesralla declarou 30 anos depois:  “Olho para trás e vejo que valeu a pena não só para esses pacientes como para todos os transplantes de outros órgãos no estado. É o efeito locomotiva do transplante: puxando avanços científicos”. Nesralla foi uma das maiores referências da área. Ele faleceu em 2020, aos 82 anos.

O transplante de coração é uma cirurgia recomendada apenas em casos extremos. São priorizados para transplante pacientes com doença terminal no coração ou com expectativa de vida abaixo de 50% nos próximos 12 meses devido a problemas no órgão.

Para fazer o transplante, é necessário que doador e receptor tenham compatibilidade sanguínea e que o tamanho do coração de ambos seja proporcional. O coração deve ser implantado no receptor em até 4 horas após a retirada do doador. A cirurgia tem duração entre 4h e 6h.

Na recuperação, o paciente segue respirando por aparelhos e permanece de quatro a cinco dias na UTI e na internação por uma ou duas semanas. No pós-transplante é necessário realizar periodicamente exames de biópsia, no qual pequenos pedaços do coração são coletados e analisados para verificar uma possível rejeição e controlar a dosagem de medicamentos.

O papel da infiormação

Foto: Arquivo Pessoal

Aline, transplantada de coração há 2 anos e 4 meses

Foto: Arquivo Pessoal

Dados de junho informam que mais de 45 mil pessoas aguardam em lista por um transplante. Além das doações insuficientes, a rede de saúde necessita de qualificação para aprimorar a busca de órgãos e qualificar todo o sistema de transplantes.

A doação de órgãos de um paciente por morte encefálica salva até oito pessoas e dá qualidade à vida de outros pacientes. Apenas pacientes com morte encefálica são doadores de múltiplos órgãos e do total de óbitos apenas 2% tem morte encefálica.

“Mais de 40% dos familiares negam a doação de órgãos nos casos de morte encefálica, em geral, por desinformação”, complementa Fuhr, idealizador do projeto Cultura Doadora, mantido pela Fundação Ecarta para estimular a doação de órgãos e fortalecer a rede de transplantes.

O Rio Grande do Sul já foi líder em doação de órgãos no Brasil e atualmente ocupa o oitavo lugar. O estado realiza transplantes de todos os órgãos transplantáveis.

CULTURA DOADORA – Projeto permanente da Fundação Ecarta, que há nove anos fomenta a formação de práticas solidárias e atitudes proativas para a doação de órgãos e tecidos, apoiando iniciativas e a estruturação do atendimento para a doação e transplante no Rio Grande do Sul. Mais informações do projeto no site www.culturadoadora.org.br

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