SAÚDE

Chega a 100,9% a variação semanal de casos confirmados por covid-19 no RS

Porto Alegre lidera o ranking de novos casos, seguido por Passo Fundo, Canoas, Santa Maria, Caxias do Sul, Guaíba, Capão da Canoa e Taquara
Por César Fraga / Publicado em 5 de janeiro de 2022
Cresce a procura por testagem após virada do ano e especialistas preveem explosão de novas contaminações no país

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Cresce a procura por testagem após virada do ano e especialistas preveem explosão de novas contaminações no país

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Rio Grande do Sul já vive uma média de aumento exponencial do número de casos de covid-19 e segue tendência nacional de explosão de contaminações pelo vírus. A variação semanal de casos confirmados é de mais 100,9% em relação à semana anterior, conforme dados do Governo do Estado.

Crescem também os relatos de filas nas farmácias com pessoas, principalmente jovens, em busca de testagem rápida e apresentando algum sintoma.

Poucos são os círculos de amigos e familiares que não trazem relatos pós-confraternizações de final de ano, em que muitos já testaram positivo para o novo coronavírus.

Porto Alegre lidera a variação semanal de casos confirmados com índice de mais 259,9%. A capital é seguida por Passo Fundo (+256,5%), Canoas (+215%), Santa Maria (+196,%), Caxias do Sul (+180%), Guaíba (+104%), Capão da Canoa (+ 98%) e Taquara (+92%). Demais munícipios possuem índices abaixo de (+90%). Os únicos que apresentam declínio são Bagé (-8,1%) e Cachoeira do Sul (-11%).

Fonte: Secretaria da Saúde/Governo do RS

Fonte: Secretaria da Saúde/Governo do RS

Fonte: Secretaria da Saúde/Governo do RS

Fonte: Secretaria da Saúde/Governo do RS

Apesar do número de mortes, internações e contaminações terem acentuado declínio de setembro do ano passado para cá, após as campanhas de vacinação avançarem, novamente acendeu a luz amarela. Os números, apesar de não serem ainda alarmantes, levaram o Governo do Estado a emitir o primeiro aviso deste ano aos municípios, depois de um mês sem se manifestar sobre o assunto ou emitir alertas. A última vez que havia sido necessário emitir avisos a todas as 21 regiões Covid foi em julho de 2021 e no agosto seguinte houve um pico gigantesco de novos casos.

Fonte: Secretaria da Saúde/Governo do RS

Fonte: Secretaria da Saúde/Governo do RS

Aviso aos municípios

O Gabinete de Crise e o Grupo de Trabalho (GT) Saúde do governo Eduardo Leite emitiram Avisos a todas as 21 Regiões Covid do Rio Grande do Sul. A decisão foi tomada na manhã da terça-feira, 4, durante reunião comandada pelo governador.

O governador conduziu a reunião do Gabinete de Crise e salientou que o momento requer muita atenção

Foto: Itamar Aguiar/Palácio Piratini

O governador conduziu a reunião do Gabinete de Crise e salientou que o momento requer muita atenção

Foto: Itamar Aguiar/Palácio Piratini

Segundo Leite, o momento requer muita atenção. A variante delta, que pressionou bastante o sistema de saúde no continente europeu, não nos causou tantos problemas. Porém, a variante ômicron tem se mostrado bastante transmissível, sendo um potencial perigo ao Rio Grande do Sul.

“Os primeiros estudos indicam que a ômicron pode ser menos letal e causar menos casos de síndrome respiratória aguda grave, mas tem se visto, no mundo, pacientes apresentando febre alta e demandando cuidados de saúde”, justifica.

O governo avalia que em âmbito regional, pode aumentar o fluxo de pacientes que precisam de cuidados na rede de atenção primária, como as Unidades Básicas de Saúde e as Unidades de Pronto Atendimento de algumas regiões do Estado, bem como em leitos clínicos e de UTI. Atualmente a taxa de ocupação de UTIs no estado é de 50,6%. E o crescimento da variação de internações em leitos clínicos de confirmados ou suspeitos de covid-19 foi de + 48,8% na última semana.

 

Fonte: Secretaria da Saúde/Governo do RS

Fonte: Secretaria da Saúde/Governo do RS

Brasil terá explosão de casos nas próximas semanas

No começo desta semana, o infectologista Marcelo Otsuka da Sociedade Brasileira de Infectologia, declarou à CNN Brasil, que nas próximas semanas o Brasil deverá alcançar um recorde de casos de covid-19. Dois são os motivos: o avanço da variante Ômicron e os encontros nas festas de fim de ano.

Para ele, o pico deve ser semelhante ao que tem sido registrado em outros países.

O infectologista Gaúcho Pedro Curi Hallal, que coordena uma das mais importantes pesquisas sobre coronavírus do Brasil, a Epicovid Universidade Federal de Pelotas, corrobora a perspectiva do colega.

“Os casos vão bombar sim! Está ocorrendo no mundo todo!”, disse.

Logo depois do reveillón, na segunda-feira, 3, o mundo registrou recorde de casos de covid, com 2,4 milhão de infectados em um único dia. Os EUA foram os responsáveis por puxar essa alta, já que o país registrou mais de 1 milhão de casos de covid em um único dia.

Número de contaminações no RS já é 13 vezes maior do que antes do natal

No caso específico do Rio Grande do Sul, dados recentes da Secretaria da Saúde (SES) apontam para um aumento de casos confirmados nos últimos dias, tendo saltado de uma média diária de 5,7 a cada 1 milhão de habitantes em 26 de dezembro de 2021 para 75,9 em 3 de janeiro de 2022, treze vezes mais.

Por um lado, o aumento pode ser explicado, em parte, pelos atrasos de registro no sistema gerados pelos feriados de Natal e Ano-Novo, mas o aumento dos números é consequência também do aumento real da transmissão.

Fonte: Secretaria da Saúde/Governo do RS

Fonte: Secretaria da Saúde/Governo do RS

Vacinação em crianças de 5 a 11 anos sem prescrição médica

Conforme nota da Secretaria da Saúde do RS, ainda não há, no Brasil, disponibilidade de vacina autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para crianças entre cinco e 11 anos. No entanto, já começou o trabalho de capacitação em boas práticas dos vacinadores e montou um grupo de trabalho que será responsável por organizar a operação em relação à estrutura, horário de atendimento, monitoramento de eventos adversos e esclarecimento de dúvidas da população.

“Assim que houver uma sinalização de que a vacina será incorporada ao Plano Nacional de Imunização e de que as vacinas chegarão ao Estado, iniciaremos o processo de vacinação de forma segura”, reforçou o governador.

No final de dezembro, a SES determinou que a vacinação contra a Covid-19 será operacionalizada para todas as crianças de cinco a 11 anos que se apresentarem, acompanhadas pelos pais ou responsáveis, em todos os pontos de vacinação organizados no Sistema Único de Saúde (SUS), sem exigência de prescrição médica. A decisão foi pactuada pelos integrantes da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) e segue a aprovação da Anvisa para o uso da vacina Comirnaty (Pfizer/Wyeth) para imunização dessa faixa etária.

Ministério da Saúde

O resultado da consulta pública realizada pelo Ministério da Saúde sobre a vacinação em crianças de 5 a 11 anos de idade mostrou que a maioria se manifestou contrária à necessidade de apresentação de prescrição médica para vacinação.

A vacinação em crianças de 5 a 11 anos de idade foi liberada pela Anvisa há duas semanas. A agência reguladora autorizou a aplicação da vacina da Pfizer.

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que as doses para crianças de 5 a 11 anos de idade devem começar a chegar ao Brasil na segunda quinzena de janeiro. O laboratório Pfizer, fabricante do imunizante, confirmou o prazo previsto pela pasta.

Ômicron não é só uma gripezinha, diz OMS

Mesmo com sintomas mais leves em comparação com a variante Delta, a Ômicron não pode ser considerada como um resfriado comum, segundo alerta da principal epidemiologista da Organização Mundial da Saúde (OMS), Maria Van Kerkhove. Em sua conta no Twitter, a representante da entidade disse que ainda há muitas pessoas contaminadas em hospitais e morrendo.

Ela também destacou que, com os vírus da gripe e da covid circulando ao mesmo tempo, será mais comum ver mais casos de dupla infecção. com mais pessoas se misturando, com uso limitado das medidas sociais e de saúde pública. A líder técnica da OMS ressaltou que as medidas de prevenção precisam continuar sendo levadas a sério. “Vacine-se (para covid-19 e gripe), continue aderindo às medidas de saúde pública. Use máscara. Respeite distanciamento. Evite multidões”, aconselhou.

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