AMBIENTE

Fevereiro tem 62% de aumento no desmatamento da Amazônia

Foram quase 200 quilômetros quadrados de devastação na maior floresta tropical do planeta, recorde histórico desde 2016 no Amazonas, Mato Grosso e Pará
Da Redação / Publicado em 14 de março de 2022

Foto: Nilmar Lage/Greenpeace

Flagrante de desmatamento em setembro de 2021, em Canutama, no Amazonas, o terceiro estado com mais alertas de destruição da floresta em fevereiro

Foto: Nilmar Lage/Greenpeace

Dados do sistema Deter, do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) confirmaram que o desmatamento na maior floresta tropical do planeta segue fora de controle. Entre os dias 1º e 28 de fevereiro, os alertas apontam para um total de 199 km² desmatados. Isso representa um aumento de 62% em relação ao mesmo mês de 2021.

É a maior área com alertas para o mês desde 2016, quando foram iniciadas as medições do Deter-B. Os alertas de desmatamento se concentram principalmente nos estados do Amazonas (40 km²), Mato Grosso (49 km²) e no Pará (79 km²), onde o aumento na comparação com fevereiro do ano passado foi de 119%.

Os dois primeiros meses deste ano tiveram áreas recordes da série histórica. No acumulado já são 629 km², mais do que o triplo do que foi observado no mesmo período do ano passado, que acumulava 206 km² desmatados.

“Isso tudo em um período no qual o desmatamento costuma ser mais baixo por conta do período chuvoso na região”, ressalta Rômulo Batista, da campanha de Amazônia do Greenpeace.

“Este aumento absurdo demonstra os resultados da falta de uma política de combate ao desmatamento e dos crimes ambientais na Amazônia, impulsionados pelo atual governo. A destruição não para”, aponta o ativista.

Sem volta

Um estudo da Universidade de Exeter publicado no início deste mês revelou que a floresta amazônica está perdendo sua capacidade de manutenção, chegando em um “ponto de não retorno”.

De acordo com o levantamento, três quartos da floresta estão apresentando uma resiliência cada vez menor contra secas e outros eventos climáticos adversos e, portanto, estão menos capazes de se recuperar.

Assim, a previsão é de que grandes áreas irão começar a se transformar em um bioma mais parecido com uma área de floresta degradada e mais seca, gerando riscos para a biodiversidade e para o clima em escala global e intensificando a ocorrência de eventos climáticos extremos.

Mineração em terras indígenas

“Na mesma semana em que milhares de pessoas se reuniram em Brasília, no Ato pela Terra, para exigir que o governo e o Congresso parem com o Pacote da Destruição, e da publicação deste estudo, a Câmara dos Deputados aprova a urgência na tramitação do PL da mineração em terras indígenas, um projeto que pode trazer impactos irreversíveis”, observa Batista.

“Os recordes dos alertas de desmatamento deveriam levar a sociedade, e a classe política, a refletir sobre o destino da Amazônia e seus povos”, completa.

Vale lembrar que, quanto mais desmatamento, maior é a contribuição do Brasil com a emissão de gases do efeito estufa, agravando ainda mais a crise climática e acelerando os eventos extremos como as chuvas torrenciais que vimos esse ano. Atualmente, o desmatamento já corresponde à maior parcela de emissões de gases do efeito estufa do país, com 46% (Seeg/2020).

Os dados de fevereiro apontam para mais um ano em que o Brasil caminha na contramão do combate à destruição ambiental e dos direitos dos povos indígenas, conclui o Greenpeace.

 

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