MOVIMENTO

CUT inaugura espaço de apoio para entregadores de comida por aplicativos

Ponto de apoio é resposta a demanda apontada em pesquisa da CUT em parceria com a OIT e universidades públicas sobre condições de trabalho e vida dos entregadores de comida e outros itens por aplicativos
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 8 de julho de 2022

Envios diários

Envios diários

Foto: Roberto Parizotti/ CUT/ Arquivo

Paralisação de entregadores de comida por aplicativos em 2020: sem apoio, categoria trabalha no limite da exploração e precarização do trabalho

Foto: Roberto Parizotti/ CUT/ Arquivo

A Central Única dos Trabalhadores do Distrito Federal (CUT/DF) inaugura na tarde desta sexta-feira, 8, o Ponto de Apoio ao Trabalhador que desempenha suas atividades na rua.

O espaço será utilizado especialmente por entregadores por aplicativo e atende a uma reivindicação histórica da categoria – nunca atendida pelas empresas que exploram esse tipo de serviço como o Ifood, Rappi, Loggi e James Delivery e mercadinhos locais.

O ponto de apoio da CUT ficará na área central de Brasília, na galeria do Hotel Nacional. No local, os trabalhadores poderão recarregar as baterias de seus celulares, utilizar sanitários, aguardar próximas entregas ou turnos em repouso e fazer suas refeições. Também será disponibilizado estacionamento para bicicletas e motos e acesso à internet.

Representante dos entregadores por aplicativo na capital federal, Alessandro da Conceição, o Sorriso, lembra que as empresas que contratam os serviços dos entregadores nunca tiveram a disposição de fornecer local de descanso para a categoria.

Ele comemorou a iniciativa da CUT e convidou para a inauguração do Ponto de Apoio ao Trabalhador em suas redes sociais e em vídeos enviados por WhatsApp aos seus colegas. “Esse espaço é uma necessidade que a gente tem há muito tempo. É muito importante que os entregadores participem da inauguração para conhecer o lugar e prestigiar essa iniciativa”, disse.

Pesquisa apontou demanda por ponto de apoio

Foto: Acervo Pessoal

Representante dos trabalhadores no DF, Conceição lembra que as empresas nunca pensaram em local de descanso para a categoria

Foto: Acervo Pessoal

Segundo o presidente da CUT Nacional, Sérgio Nobre, “garantir que esses trabalhadores tão precarizados pelas empresas e ignorados pelo poder público tenham condições de trabalho decente é um desafio importante para CUT, que já havia sido pautado antes mesmo da pandemia no Congresso, em 2019”.

O ponto de apoio é uma resposta à demanda apontada por uma pesquisa feita pela CUT em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e universidades públicas sobre as condições de trabalho e vida dos trabalhadores por aplicativos.

Com 253 páginas, o trabalho realizado em Brasília e Recife apresenta o perfil dos entregadores por aplicativos no país e registrou que um ponto de apoio é uma das principais necessidades e está entre as reivindicações mais urgentes dos entregadores.

Nobre explica que além de apoiar a organização desses trabalhadores, a CUT tem orientado seus sindicatos filiados a disponibilizar em suas estruturas o apoio e o acolhimento aos entregadores e outros que trabalham nas ruas, como ambulantes, garis, lixeiros. Segundo ele, a maioria não tem sequer onde fazer suas necessidades fisiológicas durante o horário de trabalho.

Pauta histórica

Para Rodrigo Rodrigues, presidente da CUT/DF, o ponto de apoio ganhou maior visibilidade com os entregadores por aplicativo. Mas ele lembra que “esse espaço é também pauta histórica de quem tem relação de trabalho considerada não eventual. Ou seja, a reflexão é de que, em pleno século 21, há milhares de trabalhadores sem aqueles direitos básicos que garantem dignidade à pessoa humana”.

Já Antonio Lisboa, secretário de Relações Internacionais da CUT Brasil, registra que a obrigação de criação desses espaços para apoiar trabalhadores que atuam nas ruas seria do poder público. “Já que ele não se mobiliza em prol desses trabalhadores, estamos fazendo a nossa parte. Esses segmentos não podem permanecer em condições extremamente precárias.”, alerta.

Comentários