AMBIENTE

Justiça e ativistas se unem para enfrentar ação de grileiros e queimadas

A iniciativa visa uma mobilização social inédita para a sistematização de informações fundiárias do país com o objetivo de combater a ação de grileiros e as consequentes queimadas
Por Cristina Ávila / Publicado em 21 de dezembro de 2023

Justiça e ativistas se mobilizam pelo ordenamento territorial no Brasil

Foto: Arquivo/Agência Brasil

Foto: Arquivo/Agência Brasil

O Grupo de Trabalho (GT) Transparência e acesso às Informações – criado neste ano e constituído por 57 pesquisadores, ativistas, sindicalistas, procuradores e promotores de Justiça – iniciou na terça-feira, 19, os debates para promover uma mobilização social inédita para a sistematização de informações fundiárias do país, com o objetivo de combater a ação de grileiros e as consequentes queimadas, desmatamentos nos biomas brasileiros, extração ilegal de recursos naturais e invasões de terras indígenas, quilombolas e demais populações tradicionais.

Com essa iniciativa, o GT pretende envolver um número cada vez maior de representantes do poder público das esferas federal, estadual e municipal, como técnicos dos diferentes governos, magistrados, Ministério Público e a sociedade civil organizada para que, com o conhecimento sobre a realidade fundiária e ambiental, o país alcance melhorias no uso e gestão da terra, o que se refletirá no cumprimento dos objetivos do desenvolvimento sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU), que incluem principalmente segurança alimentar, desenvolvimento econômico, proteção ambiental e redução das emissões de gases do efeito estufa, responsáveis por promover mudanças climáticas.

Esse primeiro encontro foi por meio de comunicação virtual e teve caráter preparatório para a definição das estratégias e metas a serem alcançadas, para se chegar a uma política nacional que deverá levar à identificação, georreferenciamento, certificação e inserção dos imóveis públicos (federais, estaduais e municipais) e particulares no Sistema de Gestão Fundiária (Sigef) do país e a criação de um Cadastro Único Multifinalitário que agregará todos os sistemas de informações territoriais e de registros públicos capazes de garantir a transparência e confiabilidade dos dados ambientais e fundiários.

A identificação desses dados permitirá ao poder público e à sociedade ter segurança jurídica sobre o aproveitamento econômico e ambientalmente responsável do patrimônio nacional – resultando em um ordenamento com respeito ao acesso à terra, à justiça social e aos direitos territoriais dos diferentes setores da nação brasileira, garantindo assim o desenvolvimento de um país democrático.

O Grupo de Trabalho “Transparência e acesso às Informações” acaba de ser gestado e desde já gera grande expectativa, por conta das importantes adesões que confirmaram participação:

  • Girolamo Domenico Treccani – Clínica de Direitos Humanos da Amazônia (CIDHA) do Programa de Pós-graduação em Direito (PPGD) do Instituto de Ciências Jurídicas (ICJ) da Universidade Federal do Pará (UFPA)
  • Tarcísio Feitosa da Silva – Colaborador no Brasil da Plataforma Forests & Finance
  • Ione Missae da Silva Nakamura – Promotora de Justiça Agrária – Promotoria de Justiça Agrária de Castanhal – Ministério Público do Estado do Pará (MPPA)b 
  • Comissão Pastoral da Terra – Rondônia (RO)
  • Gabriel Pansani Siqueira – Grupo de Governança de Terras do Instituto de Economia (IE) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
  • Vitor Bukvar Fernandes – Grupo de Governança de Terras do Instituto de Economia (IE) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
  • Herena Maués Corrêa de Melo – Promotora de Justiça Agrária – Promotoria de Justiça Agrária de Santarém/Pará – Ministério Público do Estado do Pará (MPPA)
  • José Heder Benatti – Clínica de Direitos Humanos da Amazônia (CIDHA) do Programa de Pós-graduação em Direito (PPGD) do Instituto de Ciências Jurídicas (ICJ) da Universidade Federal do Pará (UFPA)
  • Maria Cristina Vidotte Blanco Tárrega – Programa de Pós-graduação em Direito Agrário da Universidade Federal de Goiás (UFG)
  • Manoel Lauro Volkmer de Castilho – Juiz Federal aposentado – Advogado em Brasília (DF)
  • Tatiane Rodrigues de Vasconcelos – Discente do Programa de Pós-Graduação em Direito (PPGD) da Universidade Federal do Pará (UFPA)
  • Sandra Akemi Shimada Kishi – Procuradora Regional da República – Diretora do Projeto Territórios Vivos do Ministério Público Federal (MPF) e Coordenadora da Iniciativa Conexão Água/4ª CCR
  • Brenda Brito – Pesquisadora do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
  • Dauana Santos Ferreira – Docente do Instituto Federal do Pará (IFPA)
  • Joaquim Shiraishi Neto – Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (PPGCSoc) da Universidade Federal do Maranhão.
  • Johny Fernandes Giffoni, Defensor Público do Estado do Pará e discente do Programa de Pós-graduação em Direito (PPGD) do Instituto de Ciências Jurídicas (ICJ) da Universidade Federal do Pará (UFPA).
  • Diogo Diniz Ribeiro Cabral – Advogado da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores Familiares do Maranhão • Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares
  • Ivo Lourenço da Silva Oliveira, advogado, assessor da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG).
  • Juliana Miranda, advogada, pesquisadora do Observatório sobre Conflitos Socioambientais no MATOPIBA.
  • Valdez Adriani Farias – Procurador Federal. 

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