CULTURA

William Faulkner: uma literatura em dois tempos

César Fraga / Publicado em 6 de abril de 2003

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Divulgação

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A republicação de Palmeiras Selvagens (Cosac e Naify, 295 páginas), do escritor americano William Faulkner (1987-1962) com tradução de Newton Goldman e Rodrigo Lacerda, oferece uma excelente oportunidade de conhecer ou reconhecer este que foi muito influente para diversos escritores brasileiros, como Carlos Heitor Cony e Antônio Torres, só para citar alguns. O que prova que nem tudo que vem dos EUA são bombas e hamburguers. As suas frases longas e recheadas de comentários irônicos sublinham a visão do narrador/autor acerca da sociologia que rege o comportamento e a psicologia fragmentada de suas personagens ao traçar um painel da decadência sulista, dilacerada pelo preconceito racial e pela falência das grandes famílias aristocráticas. São agricultores, cidadãos urbanos, brancos pobres, índios e negros, que habitam suas histórias e definem a marca de um estilo que foi, talvez, decisivo para o desenvolvimento da chamada literatura moderna.

Ao longo de sua bibliografia, Faulkner experimentou desde diversos narradores à interrupção da narrativa para entrar em devaneios interiores similares aos de James Joyce, porém de forma mais direta e cristalina, que é característica da literatura norte-americana, a qual ajudou a fundamentar, à sua maneira.

Faulkner nasceu de uma família tradicional, porém decadente como muitas das que descreveu, no Estado do Mississipi (EUA). Começou a escrever por volta de 1919, mas publicou seu primeiro romance apenas em 1926, Soldier’s Pay (O soldo do Soldado). E foi com a publicação de O som e a fúria (1929) que teve início a sua consagração na carreira de escritor, consolidada ao longo da década que se seguiu, principalmente com a publicação deste Palmeiras Selvagens (1939), – que possui dois narradores e duas histórias passadas em lugares e tempos diferentes, porém escritas em contraponto, pois as expectativas e frustrações das personagens de uma reaparecem invertidas ou deslocadas em outra – justamente por isso, considerado por muitos, um livro estranho à época de seu lançamento.

Antes, porém, escrevera Sartoris (1929), o já citado O som e a fúria e Santuário (1931), com os quais deu início à série de romances ambientados no condado fictício de Yoknapatawpha, localidade tornada célebre em sua obra. Em 1949 recebeu o Prêmio Nobel de Literatura. Durante as décadas de 40 e 50 do século passado, também publicou contos, novelas e romances, além de escrever roteiros para Hollywood. Esteve no Brasil em 1954 como palestrante pelo Departamento de Estado (EUA) na condição de colaborador na difusão da cultura americana. Morreu de enfarte aos 64 anos, já bastante debilitado pelo seu vício em álcool e com dificuldade de escrever.

Entre suas obras principais encontram-se Enquanto agonizo (1930), Luz de agosto (1932), Absalão, Absalão! (1936), O indestrutível (1938), Moisés, desça à terra (1942), O intruso (1948), Uma parábola (1954, Prêmio Pulitzer de 1955) e Os desgarrados (Prêmio Pulitzer de 1962).

A editora Cosac e Naify (www.cosacnaify.com.br) também publicará, entre outros, do mesmo autor Luz em agosto e O som e a fúria. Aguardamos. Detalhe, a editora tem um setor de atendimento ao professor (11) 3218 1466 e-mail: info@cosacnaify.com.br .

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