CULTURA

O colecionador de selos

Por Grazieli Gotardo / Publicado em 9 de março de 2017
O professor Jacinto Junior cultiva sua paixão pela filatelia e pelo magistério: “selo é conhecimento”

Foto: Igor Sperotto

O professor Jacinto Junior cultiva sua paixão pela filatelia e pelo magistério: “selo é conhecimento”

Foto: Igor Sperotto

Colecionar selos é uma das paixões de Jacinto Ponte Junior, 60 anos, professor da graduação e pós-graduação de Engenharia Mecânica e de Produção da Unisinos, que tem um acervo de mais de 10 mil selos nacionais. Tudo começou quando ele tinha 10 anos, no Ceará, e se encantou com a coleção de um vizinho. Achou bonito e começou a juntar seus próprios selos também. Com o tempo, observou que não apenas juntava, mas queria ser um colecionador. “Juntar é diferente de colecionar. Um colecionador tem tudo organizado, catalogado, guardado de forma adequada e um foco para a coleção que, no meu caso, são apenas selos nacionais”, explica.

Assim que encerrou a faculdade de Engenharia Civil, na Universidade Federal do Ceará, em Fortaleza, começou a buscar um bolsa de mestrado. Teve duas indicações: Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Mas foi na Ufrgs, em Porto Alegre, que conseguiu bolsa de estudos para se manter. E a coleção de selos veio junto e foi crescendo.

Após o mestrado trabalhou em grandes indústrias na área de engenharia de produção e qualidade. Especializou-se com certificações internacionais, o que lhe permitiu atuar como consultor para outras tantas indústrias. Formou família e solidificou a carreira no RS. Mas uma vontade persistia, a de ser professor. Começou a dar aulas em cursos de especialização em empresas em 1993, na área de qualidade. Depois disso, fez seleção para a Unisc, em Santa Cruz do Sul, onde lecionou por alguns anos e desde 1999 está na Unisinos. Ao todo, são 24 anos de dedicação em sala de aula.

Conhecimento é a palavra que une as duas paixões de Jacinto: lecionar e colecionar. Ele explica: “Selo é conhecimento. Gosto de selos sobre personagens históricos, por exemplo, e se tem o rosto de alguém que não conheço, vou pesquisar para saber sobre a vida daquela pessoa. O mesmo ocorre com datas comemorativas, animais, cidades etc.”, aponta. O professor conta que a produção de selos no Brasil começou em 1843, ainda no Império. Os selos dessa época, chamados de “olho de boi”, podem ser vendidos por até R$ 25 mil. Mas de modo geral, não é um hobby caro, pois apenas peças muitos raras ficam com valores significativos. ”Selo é muito mais paixão do que comércio“, ensina.

Sua rotina de colecionador é ir ao correio a cada dois meses para ver as novidades e visitar duas filatélicas de Porto Alegre, onde pode comprar os selos que precisa e trocar informações. Falta muito pouco para sua coleção nacional ficar completa. Além da questão financeira, pois os selos devem ser comprados, segundo ele, “a graça” de colecionar é estar sempre em busca do próximo selo. Por isso, não tem pressa.

Entre as peças que mais gosta de sua coleção estão as de futebol. Gremista desde que veio do Ceará, ele destaca duas coleções especiais que tem: um conjunto de selos sobre os campeões da América de 1997, um combo com foto do time, e a mais especial, uma coleção dos selos da Copa do Mundo de 1978, na Argentina. “Essa coleção é especial, pois tem um autógrafo num envelope do Franz Beckenbauer, um dos maiores jogadores da Alemanha”, conta orgulhoso.

A seção Intervalo se propõe a revelar o perfil humano dos professores ao relatar experiências de educadores que desenvolvem atividade diversa da docência, seja de forma profissional ou como passatempo. Envie sua sugestão aos editores: extraclasse@sinprors.org.br.

Comentários