CULTURA

Documentários mostram realidades do continente africano

Sala Redenção, da Ufrgs, exibe mostra de filmes produzidos em seis países nos últimos cinco anos, na programação Semana África
Por Gilson Camargo / Publicado em 19 de maio de 2023

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Destaque entre os documentários, ‘Navegando até Kinshasa’ mostra revolta das vítimas da Guerra do Congo

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A mostra Narrativas Africanas exibe, de 22 a 31 de maio, na Sala Redenção, oito documentários realizados entre 2016 e 2021 em seis países do continente, alguns em coprodução com a França, Bélgica, Alemanha, Arábia Saudita e Egito.

Os filmes integram a programação Semana África na Ufrgs, promovida em parceria com o Departamento de Educação e Desenvolvimento Social (DEDS) e abordam o impacto das questões socioeconômicas da região sobre seus habitantes, a violência, a luta contra a exclusão e a fome e por justiça social.

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As gangues palais, de Zinder, se deixam mostrar pela cineasta e moradora desta região do Niger, Aïcha Macky

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O primeiro documentário, Kemtiyu, Cheikh Anta, retrata o homenageado do evento, Cheikh Anta Diop, importante figura intelectual e política do Senegal.

A mostra segue com a produção congolesa Système K, sobre um grupo de artistas de rua da capital Kinshasa. Também integra a programação outra realização do Congo, Navegando até Kinshasa, além de obras do Lesoto, como Mãe, Eu Estou Sufocando e Este é o Meu Último Filme Sobre Você; do Níger (Zinder) e do Egito (Amal).

Da República Centro-Africana, são exibidos dois documentários que tratam a temática da educação, Nós, Estudantes! e Makongo.

As sessões com entrada franca ocorrem de segunda a sexta-feira, às 16h e às 19h. A Sala Redenção está localizada no campus central da Ufrgs, com acesso mais próximo pela Rua Eng. Luiz Englert, 333.

A mostra é uma realização do cinema da Ufrgs em parceria com a Aliança Francesa de Porto Alegre e a Cinemateca da Embaixada da França.

Programação:

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‘Mãe, eu estou sufocando…”, um retrato sórdido da realidade em Lesoto

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Kemtiyu, Cheikh Anta. Direção de Ousmane William Mbaye (Senegal, França, 2016, 94 min). Retrato de Cheikh Anta Diop, eminente pesquisador com uma sede insaciável de conhecimento, mas também uma figura política iluminada. Este filme conta a trajetória de luta de um homem pela verdade e justiça, a fim de restaurar a consciência histórica e a dignidade da África.
Exibição: 22/5, às 19h.

Makongo. Direção de Elvis Sabin Ngaïbino (República Centro-Africana, 2020, 72 min). Dois jovens pigmeus Aka, de Mongoumba, eram motivo de chacota entre os alunos da escola, mas agora lutam contra o analfabetismo em sua comunidade. Para combater esse fenômeno de exclusão, os dois ativistas buscam montar uma escola móvel para educar as crianças. Por falta de financiamento, resolvem vender Makongo, lagartas comestíveis muito populares entre os centro-africanos.
Exibições: 22/5 e 31/5, às 16h; e 23/5 às 19h.

Nós, Estudantes! Direção de Rafiki Fariala (República Centro-Africana, França, Congo, Arábia Saudita, 2022, 82 min). Nestor, Aaron e Benjamin são os amigos mais próximos de Rafiki. Estão todos estudando economia na Universidade de Bangui. Como jovens com acesso à educação, eles se veem como os que moldarão o país nas próximas décadas. Mas como remodelar um sistema tendo que lutar pela sobrevivência? O longa oferece uma visão nítida sobre a vida real dos millennials em Bangui.
Exibições: 23 e 30/5 às 16h; e 24/5 às 19h.

Mãe, eu estou sufocando. Este é o meu último filme sobre você. Direção de Lemohang Jeremiah Mosese (Lesoto, 2019, 76 min). Mulher que atravessa um pequeno país da África carregando uma cruz de madeira às costas atrai a atenção de comerciantes, moradores de rua e transeuntes, que passam a segui-la em sua misteriosa peregrinação. A saga da pagadora de promessas irá revelar histórias sobre a parte mais sórdida do cenário sociopolítico local.
Exibições: 24/5, às 16h; e 26/5, às 19h. 

Navegando até Kinshasa. Direção de Dieudo Hamadi (Congo, França, Bélgica, 2020, 80 min). Há vinte anos, as vítimas da Guerra dos Seis Dias, na República Democrática do Congo, lutam pelo reconhecimento do conflito, pela condenação dos beligerantes e pela compensação financeira. Revoltados pela indiferença dos governantes, eles decidem embarcar em uma perigosa jornada pelo rio Congo até a capital, Kinshasa, para se fazerem ouvir.
Exibições: 25/5, às 16h; e 30/5, às 19h.

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‘Amal’ acompanha as transformações vividas por uma adolescente

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Amal. Direção de Mohamed Siam (França, Egito, 2017, 83 min). O filme acompanha as transformações na vida de Amal, dos 15 aos 20 anos. Rebelde como todo adolescente que se preza, ela vai ter que enfrentar suas próprias transformações junto com a ebulição social e o machismo em um Egito pós-revolução.
Exibições: 25/5 às 19h; e 26/5 às 16h.

Zinder. Direção de Aïcha Macky (Niger, França, Alemanha, 2021, 82 min). O filme assume narrativas documentais variadas para mostrar um retrato da violência em estado bruto que domina o cotidiano da maior cidade do Niger. Localizada no distrito marginal de Kara Kara, Zinder é dominada pelas gangues “palais”, que aterrorizam a população e abriram suas portas para a diretora e ex-moradora da região.
Exibições: 29/5, às 16h e 31/5, às 19h.

Système K. Direção de Renaud Barret (República Democrática do Congo, 2020, 94 min). Um grupo de artistas de Kinshasa, no Congo, cria um movimento que visa, acima de tudo, democratizar a cultura em uma grande metrópole onde o setor costuma ser restrito aos mais afortunados.
Exibição: 29/5, às 19h.

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