ECONOMIA

Até que enfim, uma Política Industrial para o país!

José Antônio Alonso / Publicado em 24 de junho de 2008

Após muitos anos assistindo a política econômica do governo federal tratar apenas das questões relativas à estabilidade monetária, ao câmbio, ao equilíbrio do balanço de pagamentos e às dívidas (interna e externa), a sociedade brasileira recebe com muita expectativa o anúncio da nova Política Industrial. Esta política revela a ampliação da intervenção do governo, já iniciada com o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), com a finalidade de promover o desenvolvimento com sustentabilidade.

A política industrial tem quatro objetivos básicos. O primeiro é ampliar a formação bruta de capital fixo, passando dos modestos 17,6% atuais para 21% do PIB até 2010. Para tanto, será adotado um conjunto de medidas nas áreas do crédito e tributária, que visam baratear os custos das empresas e compensar a tendência ascendente da taxa básica de juros (Selic) nos próximos meses. O segundo objetivo é aumentar o investimento em pesquisa e desenvolvimento, considerado vital para assegurar o desenvolvimento sustentável. A meta neste caso é elevar o gasto dos atuais 0,51% para 0,65% do PIB até 2010. Neste sentido, pretende-se estimular os segmentos produtores de softwares e tecnologia de informação, além das empresas de informática e automação. O terceiro objetivo é aumentar as exportações brasileiras dos US$ 160 bilhões de 2007 para algo em torno de US$ 209 bilhões em 2010. Também neste caso, definiu-se um amplo conjunto de medidas de estímulo do comércio externo. A expansão das exportações tem duplo papel neste momento, de um lado estimula o crescimento econômico e atenua, parcialmente, os efeitos adversos do câmbio apreciado, e, de outro lado, opera no sentido de evitar déficits na Balança Comercial. Por fim, o quarto objetivo é aumentar o número de micro e pequenas empresas exportadoras em 10% até o final deste governo.

O país conta hoje com a combinação de três poderosos instrumentos para crescer, a estabilidade monetária, a recomposição da infra-estrutura (PAC) e a partir de agora, com uma Política Industrial. Isso é relevante, mas ainda há riscos à sustentabilidade do crescimento brasileiro nos próximos anos, embora as condições externas sejam relativamente promissoras ao Brasil. Não “baixemos a guarda”, ainda há muito o que fazer neste país. É necessário que tenhamos um Projeto para o país que contemple, além dos ganhos acima comentados, a Educação de qualidade em todos os níveis e a redução da nossa maior chaga, a miséria.

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