ECONOMIA

Os reflexos da crise internacional no Brasil

José Antônio Alonso / Publicado em 17 de abril de 2009

O prolongamento da crise e a sucessão de informes negativos a respeito tem mantido esse tema na agenda diária de todos (trabalhadores, empresários e governos). Já discutimos nesse espaço a extensão e a profundidade da crise, ainda desconhecidas, bem como os possíveis desdobramentos da mesma. Sobre todos esses aspectos há incertezas, principalmente nos países centrais onde as medidas adotadas não têm alcançado os resultados esperados. Queremos discutir agora como toda essa desarticulação da economia internacional se reflete no Brasil.

O governo brasileiro, através do Presidente da República e do Ministro da Fazenda procuraram, desde os primeiros sintomas da crise, passar à nação a ideia de que o país estava relativamente livre dos efeitos da crise. Essa postura pode ser uma estratégia para passar tranquilidade à nação, ou pode ter sido um equívoco de avaliação, uma subestimação do problema real. Afinal, o Brasil detém uma situação invejável em seus fundamentos econômicos: um bom volume de reservas, inflação baixa e sob controle, dívidas interna e externa controladas, além de dispor de uma estabilidade democrática, nunca antes existente.

Surfando nesse ambiente, os efeitos mais perversos da crise foram minimizados pelo Presidente Lula, que imaginou que os reflexos do tsunami americano-europeu se refletiria como uma marolinha no Brasil. Enquanto isso, o Ministério da Fazenda mantinha as projeções de crescimento da economia brasileira entre 4 e 4,5% em 2009. À época, convidamos os nossos governantes a serem mais realistas, trabalhando com taxas entre 3 e 3,5% neste ano. Fomos otimistas de mais, pois à medida que o tempo passava, a realidade acabava por dissolver nossas previsões, revelando indicadores insofismáveis de que há muitos efeitos ainda por vir e que todo o esforço anticrise realizado nos EUA, Europa e Ásia ainda não surtiu o efeito esperado. Internamente não há sinais de retomada do crescimento, apesar das medidas adotas pelo governo brasileiro, exceto em casos muito localizados como o segmento automotivo que aumentou as vendas mediante desova de estoques acumulados, não com aumento da produção.

Todos esses aspectos associados à divulgação do desempenho da economia brasileira no 4º semestre de 2008, à persistente queda das exportações e ao aumento do desemprego acabaram por acender a luz amarela, levando todos a repensarem as estimativas de crescimento para 2009. O novo cenário está a indicar que crescendo entre 1 e 2% nesse ano, estaremos no melhor dos mundos.

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