ECONOMIA

País fechou 861 mil empregos formais até abril

Dados preliminares do Caged indicam perda recorde de empregos no quadrimestre devido à pandemia da Covid-19. Investimento público é fundamental para reverter a crise
Por Gilson Camargo* / Publicado em 28 de maio de 2020
Comércio foi o setor que mais extinguiu empregos: 343 mil

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Comércio foi o setor que mais extinguiu empregos: 343 mil

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Em abril, foram fechados 861 mil vínculos de emprego em todo o país, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia. O número de admissões foi o menor já registrado para abril, em toda a série histórica.

Março também apresentou saldo negativo, com fechamento de 241 mil postos de trabalho. Como os resultados de janeiro (113 mil) e fevereiro (245 mil) foram positivos, o total de postos com carteira assinada fechados no ano chega a 763 mil.

Comércio fechou 3,7% dos empregos. Nos Serviços, Alojamento e alimentação perderam -9,7% e Artes, cultura, esporte e recreação 5,6%

Arte: Dieese-RS

Comércio fechou 3,7% dos empregos

Arte: Dieese-RS

Em nota técnica, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-RS) avalia que a perda de renda da população e a consequente retração no consumo e na demanda no setor privado exigem investimentos públicos para a manutenção da renda e recuperação econômica.

Nos primeiros quatro meses de 2020, o Comércio foi o setor com o maior número de postos de trabalho fechados, 343 mil. Nos Serviços foram 281 mil vínculos rompidos.

De acordo com o Dieese-RS, os dois setores são os mais afetados pela crise, em números absolutos. Na outra ponta da atividade econômica, a Agropecuária registrou crescimento de vínculos, mas também por causa dos resultados de janeiro e fevereiro, já que, em março e abril, houve quedas.

Em abril, a perda de postos de trabalho foi maior na Construção (-3,0%) e na Indústria (-2,6%)

Arte: Dieese-RS

Abril teve maior perda de postos de trabalho na Construção e na Indústria

Arte: Dieese-RS

Em termos percentuais, o Comércio fechou 3,7% dos vínculos (Gráfico 1). Nos Serviços, os segmentos mais atingidos foram Alojamento e alimentação (-9,7%) e Artes, cultura, esporte e recreação (-5,6%).

Por outro lado, a Educação apresentou aumento no número de empregos, o que é esperado no início do ano, mas o segmento fechou 1,1% dos postos de trabalho apenas em abril.

Em março e abril, todos os setores apresentaram saldo negativo. Em abril, a perda de postos de trabalho foi mais intensa na Construção (-3,0%) e na Indústria (-2,6%) (Gráfico 2).

Regiões mais afetadas

O Nordeste foi a região mais afetada, com fechamento de 3,3% dos empregos formais no acumulado de 2020, enquanto o Centro-Oeste sofreu menos (-0,6%). Os estados mais atingidos foram Alagoas (-7,6%), Pernambuco (-4,3%) e Rio de Janeiro (-3,8%). Em números absolutos, São Paulo fechou mais postos que as outras unidades da Federação: 228 mil empregos a menos (Gráfico 3).

São Paulo foi o estado que mais fechou postos de trabalho: 228 mil

Arte: Dieese-RS

São Paulo foi o estado que mais fechou postos de trabalho: 228 mil

Arte: Dieese-RS

Os dados do Caged sugerem que, até abril, as empresas desligaram parte dos empregados e evitaram repor ou contratar trabalhadores, por isso a redução expressiva no número de admissões, relacionada às expectativas de desempenho da economia.

Segundo o Dieese-RS, a controversa reabertura gradual das atividades econômicas paralisadas pela pandemia, prevista para junho em diversos estados, embora a Covid-19 não tenha dado sinais de arrefecimento, não será suficiente para a recuperação da economia.

“A perda de renda da população, que se tem visto, afeta negativamente o consumo e a demanda no setor privado, tornando imprescindível a atuação do Estado na manutenção da renda e na recuperação econômica, por meio de investimentos públicos. A insuficiência da demanda privada interna, causada pela queda da renda e do consumo, e o cenário internacional de crise econômica, com a saída líquida de 4 bilhões de dólares dos investimentos de portfólio do Brasil, somente este ano, mostram que esperar a atuação do setor privado nacional ou internacional só prolongará os efeitos negativos da pandemia”, conclui a análise.

*Com informações do Ministério da Economia e Dieese-RS.

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