ECONOMIA

Cadeia produtiva do algodão orgânico firma parceria com rede de varejo

Rede de cooperativas Justa Trama passa a vender roupas produzidas com algodão ecológico através do site das lojas Renner
Por Gilson Camargo / Publicado em 29 de julho de 2022

Foto: Justa Trama/ Divulgação

Justa Trama reúne cooperativadas de cinco estados que dominam a cadeia de produção sustentável, do plantio do algodão à confecção de roupas

Foto: Justa Trama/ Divulgação

A Central Justa Trama, com sede em Porto Alegre e cooperativas de trabalhadoras atuando em rede em cinco estados, está comemorando uma parceria inédita para a comercialização de roupas produzidas de forma sustentável por mulheres cooperativadas.

Firmado com o Instituto Renner, o acordo prevê o aprimoramento da produção sustentável em fases como a serigrafia e o reaproveitamento de materiais e viabiliza a venda das peças de vestuário pelo site da rede de varejo Lojas Renner.

Foto: Justa Trama/ Divulgação

Nelsa Nespolo: “acreditamos no trabalho coletivo, solidário, sustentável, que não concentra, mas distribui renda”

Foto: Justa Trama/ Divulgação

Para a costureira Nelsa Nespolo, fundadora e presidente da Cooperativa Justa Trama, a parceria contempla uma das fases mais difíceis do segmento.

“Essa iniciativa cria uma expectativa de impacto muito grande na comercialização, porque o site da Renner tem mais de 700 acessos diários, ou seja, em 2020 foram 80 milhões de visitas”, comemora.

Ela observa que o maior desafio na economia solidária é a comercialização sustentável daquilo que é produzido.

“Quando a gente vai abrindo portas no sentido de ampliar a comercialização, a gente está chegando a mais gente, com roupa sustentável, abrindo espaços na sociedade e trazendo parceiros que de fato olhem para esse jeito de vestir que é o que nós defendemos, em que as pessoas têm consciência de onde vem a sua roupa, saibam de todo o processo de contaminação que existe nas roupas de algodão convencional”, ressalta.

Foto: Escola de Moda/ Divulgação

Vestuário produzido com algodão orgânico cultivado pelas cooperativadas em cinco estados. A rede também vende tecidos e cordões de algodão para incentivar outras costureiras a produzir roupas orgânicas

Foto: Escola de Moda/ Divulgação

A dirigente, que foi diretora do Departamento de Economia Solidária do Rio Grande do Sul na gestão de Tarso Genro (2011-2015), observa que a parceria não altera os princípios de sustentabilidade nem os valores da cooperativa.

“Acreditamos cada vez mais nesse processo de trabalho coletivo, em rede, em cadeia, que distribui renda que faz o mundo mais justo, mais solidário, que não concentra renda, muito pelo contrário distribui a renda. Essas parcerias que a gente está construindo são muito importantes porque a gente não abre mão de todo o processo de construção e nos ajudam a fortalecer de fato um mundo mais justo, a gestão continua na mão da Justa Trama”, enfatiza.

Algodão orgânico

Maior cadeia produtiva do segmento de confecções da economia solidária, a Central Justa Trama articula 600 cooperados e associados no Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Ceará e Rondônia.

Nelsa destaca que todas as fases são orientadas por práticas sustentáveis do ponto de vista ambiental, social e econômico – do plantio à colheita do algodão à produção de fios e tecidos e a confecção das peças do vestuário, inclusive botões a partir de sementes.

A Justa Trama foi criada por ela e costureiras parceiras a partir da Cooperativa de Costureiras Unidas Venceremos (Univens), formada na periferia de Porto Alegre, em 1995.

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