EDUCAÇÃO

Professor não deve ter preconceitos

Publicado em 19 de abril de 1999

O psicólogo Paulo Petry, coordenador dos laboratórios de informática da Federação de Estabelecimentos de Ensino Superior de Novo Hamburgo (Feevale) e Colégio Santa Inês, em Porto Alegre, diz que o número de trabalhos escolares multimídias está crescendo, mas ainda é difícil o professor aceitá-los por uma questão cultural. Ele adverte também que muitos desses trabalhos são colagens de páginas da Internet. Portanto, a atuação do professor é fundamental no desenvolvimento da informática educativa de forma crítica.

No Colégio Bom Conselho, também em Porto Alegre, o trabalho é semelhante ao do Rosário. A novidade deste ano é a publicação das produções dos alunos na Home Page da escola, além de projetos interativos com outras escolas. Os laboratórios devem contar também com alunos monitores, que estarão aprimorando seus conhecimentos na área. A coordenadora pedagógica da escola, Maria Zélia Bujes Stumvoll, diz que ainda há resistência dos professores ao computador. Por isso, o colégio tem feito oficinas com eles.

Em Novo Hamburgo, duas escolas – o Colégio Cenecista Bairro Primavera, particular, e a Escola Municipal Jacob Kröff, pública – realizam um inédito trabalho conjunto em informática. Ambas usam o computador para projetos especiais no mesmo laboratório. O espaço compartilhado foi conseguido no ano passado através do Projeto Educandi, financiado pelo Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), que tem como objetivo formar professores à distância por meio da informática.

No site do Educandi os professores fazem tele-conferências tendo como recurso também um link de uma cidade virtual com simulador para ser usado com os alunos. Além disso, em outro site do projeto, podem publicar os trabalhos onde, até o momento, só há o da 6ª série do Colégio Cenecista. O aluno Diogo Reis diz que todo o processo de montagem da Home Page, desde a escolha da cor de fundo até ilustrações e animações, passando pelos textos, foi feito por eles, com o auxílio dos professores.

Novidades não param de aparecer

Um recurso muito usado na informática educativa são as mesas pedagógicas. No Colégio São João, na capital, existem duas dessas mesas no laboratório pré-escolar. De teclados com botões coloridos, elas foram implantadas há dois anos vindas de Israel. A criança trabalha com material concreto e, após, representa a experiência no computador. A professora Léa Fagundes, da Ufrgs, acha desnecessária a adaptação. “Em que outro lugar ela vai encontrar computadores adaptados? “, questiona. Maria Aparecida Trindade, professora responsável pelos laboratórios, diz que a passagem para os computadores é gradual. O Colégio possui ainda grupo de pesquisa e um laboratório para as demais séries.

Um recurso novo, ainda pouco usado, é robótica educacional. O Lego Dacta é um produto dessa área. Trata-se de um jogo com peças concretas, em que a pessoa monta um objeto com engrenagem motorizada que é programada pelo computador. Ângela Lengler acredita que a restrição ao material seja o preço, em torno de US$ 1.300 (cerca de R$ 2.600 hoje). Na escola de 1º grau da Feevale, os alunos possuem um laboratório de robótica usado em projetos pedagógicos. Paulo Petry, da instituição, diz que a robótica é rara nas escolas porque não permite que mais de uma turma utilize seqüencialmente o laboratório, já que modifica o trabalho da anterior. No ano passado, a escola realizou uma gincana de robótica entre os alunos de 6ª a 8ª série. Petry salienta que o importante não é a técnica, inovadora ou não, mas o uso que se faz dela.

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