EDUCAÇÃO

Professores fazem fila para receber demissão

Publicado em 4 de abril de 2001

Pelo menos três denúncias de excesso de autoridade na demarcação de quadros de pessoal, recebidas pela diretoria do Sinpro/RS, foram ouvidos pela reportagem do Extra Classe. Em uma delas, cinco professoras desligadas do quadro docente da Fundação Santa Rosa de Lima, de Porto Alegre, acusam a diretora da escola, Marta Bulling, de ter demitido, substituído ou reduzido a carga-horária de todos os professores que lhe faziam oposição, durante o ano passado. O grupo assegura que a Fundação não teria sido devidamente alertada das intenções da direção pedagógica. As professoras também relatam que foram convocadas em grupo e colocadas em fila antes de receberem o aviso de rescisão, uma a uma, frente a um grupo de quase dez pessoas, que incluía a psicóloga e funcionários administrativos da escola. Além desta situação constrangedora, as professoras afirmaram que os 40% de multa cobrados sobre o FGTS não foram pagos dentro do prazo legal de dez dias úteis. Conforme uma das professoras, colegas que permanecem na escola evitam fazer novas denúncias, pedindo aos demitidos que os representem.

Em resposta enviada por fax a questionamentos feitos pelo Extra Classe, o diretor executivo da Fundação, Gerson Grillo, alega que os cortes de pessoal foram decorrentes da incapacidade da Santa Rosa de Lima em manter um “quadro funcional inchado” frente à “situação econômica pela qual passa o país”. No dia anterior ao envio do fax, a diretora Marta havia informado à reportagem que o total de professores, que era de 58 no ano passado, havia subido para 61. Horas mais tarde, a direção executiva da Fundação teria pedido exoneração coletiva.

Demitida depois de 11 anos de trabalho, pela Ulbra de Canoas, uma professora que também prefere não se identificar garante ter sido dispensada por “falta de qualificação” enquanto colegas com a mesma titulação foram mantidos no cargo. Ela conta que, apesar de se submeter à carga horária excescessiva em finais de semana, atender a turmas com até 70 alunos e perder parte do período procurando sala disponível para poder dar aula, foi dispensada também porque “não atendia aos objetivos da instituição”. Ela ainda assegura ter sido afastada de uma disciplina, sem causa aparente e sem remuneração, depois de ter ministrado um mês de aula.

Já um ex-professor dos extintos cursos técnicos do Colégio Bom Conselho acusa a atual administração de ter sido anti-ética ao decidir, só em meados de fevereiro, que não abriria novas turmas. Segundo ele, os professores foram dispensados quando já não havia mais tempo para recolocarem carga-horária em outras escolas. A atual diretora, irmã Anelise Weber, alega ter esperado pelos alunos até o último momento e reitera que não foi dela a decisão de oferecer os cursos técnicos, mantidos com pouca clientela durante todo o ano passado.

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