EDUCAÇÃO

Universidade imune à crise

Publicado em 3 de junho de 2001

“Após uma redução de alunos, observada em 1992, o número de alunos matriculados na Educação Superior só registrou aumentos constantes,” diz Cássio Calvetti. O economista lembra que nem mesmo a crise vivida no País em 1998 e 1999 afetou esse crescimento. “A Educação Superior passou pela crise sem sofrer,” avalia o economista que identifica nos números de sua pesquisa uma tendência de crescimento no ensino superior para pelo menos os próximos cinco anos. “Acredito que a Educação Superior privada só não cresce mais por falta de espaço físico.” Calvetti diz que não apenas os cursos de graduação do ensino superior são responsáveis por este aumento de demanda como eles próprios geram um outro crescente segmento de demanda representado por mestrados e doutorados.
“Nos três últimos anos, as entidades particulares no Rio Grande do Sul registraram aumentos superiores a 10% no número de alunos matriculados,” destaca Calvetti. Em 1999 foi registrado o maior crescimento da década passada, da ordem de 13,2%. O economista lembra que na Educação Superior há uma espécie de “efeito cascata” no crescimento do número de alunos. “À medida que cresce o número de vestibulandos, aumenta o número de matriculados e, conseqüentemente, cresce o número de mestrandos e doutorandos.” Ele observa que, mesmo que haja uma estabilização no número de matriculados nos cursos de graduação, isso não representará nenhum problema para as instituições privadas de Educação Superior em termos de mercado pelo menos até o final da presente década.

Analisando os números da pesquisa, Calvetti diz que se percebe que “dos quatro estados com maior contingente de alunos no ensino superior (Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais), o Rio Grande do Sul foi o que apresentou maior crescimento tanto no total de alunos quanto nos alunos de instituições particulares”. Conforme a pesquisa, a vitalidade demonstrada pela Educação Superior indica que em 2000 as taxas de crescimento “se situaram próximas das taxas alcançadas no ano anterior”. Tal afirmação baseia-se no comportamento observado no ensino médio que, mais uma vez, apresentou taxas positivas no número de alunos matriculados. Paralelamente nota-se o aumento do número de inscritos no concurso vestibular, que tem sido constante e a taxas bastante elevadas especialmente no ensino privado.

Assim como na Educação Básica, o panorama no ensino superior em relação a itens como inflação, mensalidades e salários revela um descompasso entre os índices de reajuste. Enquanto a pesquisa indica um aumento de 120,12% nas mensalidades entre 1996 e 2000, os salários do setor registram reajuste de 68,29% e a variação do INPC do mesmo período se situa em 60,54%. O resultado desses percentuais é uma diferença de 30,8% entre o aumento de mensalidades e reajustes salariais e 37,11% entre reajuste de mensalidades e a variação do INPC. “Percebe-se claramente a política das instituições de aumentarem suas mensalidades sempre acima dos reajustes salariais. A justificativa utilizada pelas escolas para esta prática é a da necessidade dos investimentos”, diz Calvetti. Mas acrescenta que tal justificativa não se sustenta, uma vez que o serviço prestado pela escola é a educação, cujo custo maior é representado justamente pelos salários de professores e funcionários.

A pesquisa conclui que o quadro geral das instituições de Educação Superior é extremamente positivo. A competitividade no mercado de trabalho, exigindo um nível de qualificação cada vez maior, aliada ao crescimento contínuo do número de alunos do ensino médio e de inscritos para o vestibular, aponta para resultados bastante satisfatórios. “Esse quadro nos permite prever, sem margem de erro, que a Educação Superior continuará crescendo a taxas bastante elevadas por mais alguns anos,” conclui o economista.

 

Comentários