EDUCAÇÃO

Trabalhando no limite

Por Gilson Camargo / Publicado em 29 de abril de 2006

Na escala de prioridades dos professores do ensino privado, o compromisso com os alunos e com as instituições de ensino nas quais trabalham vem antes da preocupação com a própria saúde. O dado aparece na pesquisa realizada no final do ano passado pela Comtexto Informação e Marketing, encomendada pelo Sinpro/RS e reforça um alerta que já havia sido antecipado pelo jornal Extra Classe em julho de 2005 com a reportagem “O direito de ficar doente”, de Stela Rosa (www.sinprors.org.br/extraclasse/jul05/saude.asp). A matéria aponta que a prevenção e a consciência dos direitos de amparo à doença podem contribuir para que os professores modifiquem o quadro perigoso de trabalhar no limite do corpo.

Quadro semelhante ao da pesquisa do Sinpro/RS já havia sido apresentado em outros Estados, em um estudo realizado pelo Laboratório de Saúde do Trabalhador da Universidade de Brasília (UnB).

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Foto: Tânia Meinerz

Números – A pesquisa do Sinpro/RS tratou de consolidar em números essa realidade específica da saúde, além de traçar um perfil completo dos professores do setor no Estado. Foram ouvidos 750 professores de todos os níveis do ensino privado (com uma margem de erro de 3,65% e um intervalo de confiança de 95,5%). De acordo com o estudo, 83% dos professores costumam dar aulas mesmo que estejam doentes, justificando seu comprometimento com os alunos e a escola. Desse total, 6,7% afirmaram que não deixam de trabalhar quando estão com problemas de saúde por uma questão econômica: medo de perder o emprego.

A pesquisa constata ainda que 59,9% dos entrevistados se consideram em boas condições, mas admitem que poderiam melhorar. Entre os principais problemas de saúde, aqueles relacionados ao estresse predominam para 45,8% dos pesquisados. As lesões, problemas de postura e coluna ou ortopédicos atingem 29,9%; as lesões ou problemas de garganta e vocais acometem 29,4% e 13,9% citaram as lesões por esforço repetitivo. A média mensal de despesas dos professores com saúde é de R$ 274,40. Destes gastos, 34,5% comprometem até 10% com medicamentos.

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