EDUCAÇÃO

Evento debateu jornada e tensão no trabalho docente

Publicado em 13 de setembro de 2009

Mais de 150 professores participaram do painel seguido de debate Condições de Trabalho e Saúde do Professor, no dia 22 de agosto, no auditório da Amrigs, em Porto Alegre. Para Cassio Bessa, da direção do Sinpro/RS, este foi um momento político muito importante para a categoria. “As propostas e os encaminhamentos em relação à saúde retirados do evento vão colaborar para a negociação 2010”, argumenta.

O coordenador da pesquisa, Wilson Campos, psicólogo do Diesat, apresentou a íntegra do trabalho aos docentes. Ele destacou os altos índices de assédio moral em todos os níveis hierárquicos dentro das instituições, o que, segundo o profissional, gera o “esgarçamento” das relações de trabalho. “Este evento é um momento em que cada um pode contribuir para a implementação de políticas concretas de saúde”, disse o psicólogo. O estudo reúne dados técnicos e sobre os professores, podendo ser acessado no site www.sinprors.org.br/pesquisa

Ainda em 2009, o Sinpro/RS dará continuidade à pesquisa sobre saúde do professor, junto com a Delegacia Regional do Trabalho e em parceria com o Instituto de Psicologia da Ufrgs. A pesquisa buscará identificar os níveis de stress dos professores.

EXCESSO – O primeiro painel do dia apresentou um panorama médico da jornada de trabalho excessiva e seus reflexos. O médico, analista pericial do Ministério Público do Trabalho, mostrou estudos científicos que comprovam que uma jornada de mais de 40 horas semanais ou 8 horas diárias, colocam em risco a saúde do profissional e aumentam as chances de acidente no trabalho.

O desembargador Emílio Papaléo Zin, do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, destacou o trabalho do Sinpro/RS em levantar questões sociais da categoria, e não apenas reivindicações salariais. “É fato que a hora-aula não paga tudo, porque não evita que o professor tenha privações. Se eu tivesse de apreciar hoje um processo em que o professor estivesse postulando hora extraclasse, eu daria ganho de causa ao docente”, afirmou o desembargador.

AMBIENTE ESCOLAR – O painel da tarde foi marcado pelo debate em torno da prática docente. Para a doutora em Educação Eliana Perez Gonçalves de Moura, a vida do professor é marcada pelo planejamento e falta, muitas vezes, espaço para refletir em cima disso. “Entre o que se pode planejar e o que efetivamente acontece em sala de aula está centrada toda uma problematização”, disse a professora. Ela acrescentou ainda que é preciso evitar a vitimização docente, rompendo com a ideia de “marasmo” para que o docente seja mais atuante e “supere a barreira do que é individual e do que é coletivo”.

O juiz Luiz Antonio Colussi, presidente da Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da IV Região (Amatra IV), abordou a questão da mercantilização da Educação.” Às vezes, a escola é extremamente mercantilista e a única preocupação é o desempenho. Nas faculdades de Direito, por exemplo, temos que fazer os alunos passarem na OAB”, relatou.

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