EDUCAÇÃO

Policiais agridem e prendem professora em escola de Goiás

Policiais civis tentam interrogar alunos de forma ilegal e usam de truculência contra professora que filmou a ação
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 15 de abril de 2019
A professora e sindicalista Camila Marques explicou a jornalistas que foi detida de forma ilegal e truculenta ao defender alunos

Foto: Divulgação

A professora e sindicalista Camila Marques explicou a jornalistas que foi detida de forma ilegal e truculenta ao defender alunos

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A professora Camila Marques, coordenadora-geral do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), detida por “desobediência” na manhã desta segunda-feira, 15, relata truculência policial no campus de Águas Linda do Instituto Federal de Goiás (IFG). Policiais que foram à instituição para investigar suposta ameaça de estudantes que planejavam um ataque na instituição, semelhante ao ocorrido na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano (SP), em 13 de março, se incomodaram com o fato de Camila ter saído da sua sala de aula e começado a gravar com seu celular os procedimentos de investigação dos agentes.

De acordo com a Polícia Civil de Goiás, os agentes encarregados da investigação recomendaram que a gravação fosse parada por envolver menores de idade e, como a professora se recusou a desligar o celular, recebeu voz de prisão. No boletim de ocorrência foi ainda registrado que Camila resistiu na hora de ser colocada na viatura, fazendo com que os policiais usassem de “força e algemas para contenção” da docente.

Segundo a professora Camila, a versão dos policiais de que, após o diretor mostrar a sala dos alunos suspeitos, teriam pedido para que acompanhasse as buscas nos pertences dos estudantes, não corresponde à verdade. Ela afirmou que se encontrava em sala de aula quando viu que algo estranho estava ocorrendo e resolveu registrar. “Eu perguntei ‘o que que está acontecendo?’ e a resposta era ‘é sigilo, é sigilo’”. Um oficial pediu que ela parasse de filmar, pois ele não podia aparecer na gravação. Ao desobedecer, alegando que como agente público ele não podia alegar privacidade, a professora foi informada que seria levada como testemunha, com o que concordou. Camila disse ter ficado muito preocupada quando foi conduzida para um carro sem as características de uma viatura policial e disse que gostaria de chamar um advogado para lhe acompanhar. Segundo ela, foi aí que começou a ser tratada rudemente e teve seu telefone confiscado. Os policiais a ameaçaram que a partir daquele momento a tratariam “da forma como você pediu para ser tratada” e em seguida a algemaram na frente dos alunos, à força.

A professora somente conseguiu fazer contato com a área jurídica do seu sindicato na delegacia e foi liberada por volta das 14h, após a assinatura de um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO).

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