EDUCAÇÃO

UFMG forma educadores indígenas

Curso de Formação Intercultural de Educadores Indígenas promove colação de grau da sexta turma de professores em Ciências da Vida e da Natureza
Por Gilson Camargo* / Publicado em 20 de maio de 2019
Representantes de três etnias colam grau como professores para lecionar nas aldeias

Foto: Reprodução/ TV UFMG

Representantes de três etnias colam grau como professores para lecionar nas aldeias

Foto: Reprodução/ TV UFMG

A Universidade Federal de Minas Gerais realiza nesta terça-feira, 21, a partir das 9h, na Reitoria do Campus da Pampulha, a colação de grau da sexta turma de educadores indígenas das etnias Pataxó, Xakriabá e Pataxó-Hã-Hã-Hãe. Ao todo, 30 alunos indígenas colarão grau no Curso de Formação Intercultural de Educadores Indígenas (Fiei), com habilitarão em Ciências da Vida e da Natureza. O curso é ofertado pela Faculdade de Educação (FAE) da UFMG às populações indígenas que buscam a qualificação de professores através de um curso superior de Licenciatura Plena.

Manoel, da etnia Xakriabá: "estou aqui pelos 11 mil protagonistas desta história que estão nas aldeias"

Foto: Reprodução/ TV UFMG

Manoel, da etnia Xakriabá: “estou aqui pelos 11 mil protagonistas desta história que estão nas aldeias”

Foto: Reprodução/ TV UFMG

Com enfoque intercultural, o Fiei habilita os educadores nas áreas de Línguas, Artes e LiteraturasMatemáticaCiências da Vida e da Natureza e Ciências Sociais e Humanidades, para lecionarem nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio. Durante a formação é priorizado o comprometimento com as comunidades indígenas, cujas questões sociais inspiram o percurso acadêmico dos alunos, dividido entre a sala de aula e os espaços de atuação. O objetivo é que, depois de formados, os professores possam intervir de forma transformadora em sua própria realidade.

Shawana: "o retorno que nós daremos é realmente muito importante, voltar pra nossa aldeia, fazer parte do corpo escolar da nossa comunidade e se fazer presente nos projetos que abrangem nossos jovens"

Foto: Reprodução/ TV UFMG

Shawana: “o retorno que nós daremos é realmente muito importante, voltar pra nossa aldeia, fazer parte do corpo escolar da nossa comunidade e se fazer presente nos projetos que abrangem nossos jovens”

Foto: Reprodução/ TV UFMG

O curso conta com o apoio do Conselho Consultivo de Lideranças Indígenas, criado em 2013 e aprovado pelo colegiado. Atualmente, o Conselho está representado pelas etnias Pataxó, Xacriabá e Pataxó-Hã-Hã-Hãe. A primeira turma formou-se em 2013 na habilitação Ciências Sociais e Humanidades e, desde então, uma nova turma é formada a cada ano, seguindo uma sequência de habilitações.

Em 2018, 32 indígenas das etnias Xakriabá, Pataxó, Guarani, Maxakali e Pataxó-Hã-Hã-Hãe se formaram na habilitação Matemática. “Não estou representando só a mim mesmo, estou representando 11 mil Xakriabá que estão no meu território, protagonistas desta história e nossas lideranças, que lutaram tanto para que a gente pudesse chegar até aqui”, afirma Manoel de Oliveira Silva, formando em Matemática, em vídeo produzido pela TV UFMG.

Para o líder Saracuri Pataxó, ancestrais estão presentes na luta dos povos por espaços na universidade

Foto: Reprodução/ TV UFMG

Para o líder Saracuri Pataxó, ancestrais estão presentes na luta dos povos por espaços na universidade

Foto: Reprodução/ TV UFMG

A professora Shawana Pataxó explica que a formação de educadores indígenas tem a ver com a retomada do território pelos povos da sua etnia. “Pra mim, como Pataxó, é afirmar a posição do nosso povo aqui, o espaço que a gente tem retomado e abrir caminho para os nossos alunos. Hoje eu sou professora na minha aldeia, o retorno que nós daremos é realmente muito importante, voltar pra nossa aldeia, fazer parte do corpo escolar da nossa comunidade e se fazer presente nos projetos que abrangem nossos jovens”, expressa. O líder Saracuri Pataxó lembra que essa é a sexta turma de formandos e diz que a conquista remete à luta dos ancestrais. “É como se fosse uma carta aberta dos nossos sonhos, dos nossos ancestrais, que sempre lutaram por esse objetivo. Eles estão junto com nós espiritualmente, fortalecendo para que o nosso povo possa falar de igual para igual ao defender nossos direitos”, ressalta.

*Com informações da UFMG.

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