EDUCAÇÃO

Dicionário do Google define professoras como prostitutas

Sistema de busca coloca no topo da pesquisa definições questionáveis da profissão de professor e professora e provoca polêmica nas redes sociais
Da Redação / Publicado em 22 de outubro de 2019

Foto: Reprodução Web

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Para surpresa de estudantes, professoras, professores e usuários da internet, no começo dessa semana quem lançou a pergunta, “o que é professora?” ou “o que é professor?” ou “definição de professor ou professora” no campo de buscas do Google encontrou no topo das pesquisas duas definições controversas e, para muitos, ofensiva . O dicionário do Google define professora como “prostituta com quem adolescentes se iniciam na vida sexual” e “aquele que professa uma crença, uma religião”. A primeira delas é classificada como um “brasileirismo”. O fato é que está sendo dado destaque pelo filtro da plataforma a uma das denominação secundárias (entre muitas )  justo a um regionalismo que aparece assinalado em desuso como sendo a segunda principal definição. A polêmica se instalou. No meio acadêmico não faltam artigos que questionam as definições de dicionário dos verbetes professor/professora. E não é de hoje. O curioso é que só agora uma definição da expressão, já em desuso no nordeste tenha vindo ao debate.

O episódio pareceu um ataque às professoras mulheres, portanto algo de cunho machista, e por outro lado de distorção da função masculina no magistério associando-a ao ensino religioso especificamente. Ao menos no plano das aparências, o caso alinha-se aos discursos de ódio contidos nos ataques que professores e professoras vêm sofrendo de segmentos conservadores, religiosos de matriz neopentencostal e movimentos como o Escola Sem partido e similares, o que levou a polêmica também para as redes sociais, ganhando contornos de polêmica de fundo ideológico. Professores têm  denunciado nas redes sociais e procurado suas entidades representativas de classe, sindicatos, para que sejam tomadas as providencias legais cabíveis.

O Google afirma estar licenciando conteúdos de dicionários parceiros, que são exibidos diretamente na busca. Ao correio Brasiliense, a plataforma emitiu nota dizendo que “os resultados incluem usos coloquiais que podem causar surpresa, mas não temos controle editorial sobre as definições fornecidas por nossos parceiros que são os especialistas em linguagem. Reconhecemos a preocupação neste caso e vamos transmiti-la aos responsáveis pelo conteúdo”.

COISA ANTIGA – Em vários sites on-line de dicionários a definição que causou polêmica também aparece, mas em contexto amplo e não com recortes tão específicos e restritivos. Entre eles, as versões digitais de Houaiss, Michaelis, Aurélio e Aulete. Nas versões impressas de 1999 e 2010 do Dicionário Aurélio e de 2009 do Houaiss também ocorre o registro de prostituta como um dos possíveis significados de professora, porém descadas como “regionalismo” e em “desuso”.

Fica a pergunta: por que os filtros do Google e das outras ferramentas on-line destacam justamente um regionalismo secundário nos dicionários e em desuso para constar no topo da lista de definições de uma profissão que vem sendo atacada e questionada diariamente?

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