EDUCAÇÃO

Mais do que dobraram os desligamentos por morte na educação

Entre as diferentes ocupações do setor, profissionais do ensino (professores e coordenadores) foram os que mais tiveram vínculos encerrados por morte. Foram 612 em 2021
Da Redação / Publicado em 1 de julho de 2021
Aulas presenciais foram retomadas nas redes pública e privada no RS, após embate na Justiça entre representantes de governos e escolas e sindicatos de professores e funcionários

Foto: Giulian Serafim / PMPA

Aulas presenciais foram retomadas nas redes pública e privada no RS, após embate na Justiça entre representantes de governos e escolas e sindicatos de professores, funcionários e associações de pais

Foto: Giulian Serafim / PMPA

De acordo com estudo do Departamento Intersindical de Economia e Estatística (Dieese), o número de contratos de trabalho extintos por morte na área da educação mais do que dobrou nos primeiros meses de 2021, pois cresceu 128% de janeiro a maio, na comparação com o mesmo período de 2020. Foram os maiores números absolutos, dentre várias categorias, observados pelo Dieese com base em dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e Ministério da Economia, que agora abarca a Secretaria de Trabalho, após a extinção do Ministério do Trabalho.

Os dados do Ministério da Economia chamaram a atenção do Dieese, fazendo piscar a luz de alerta para as categorias envolvidas, principalmente diante da efetivação da volta às aulas presenciais.

Segundo o economista Gustavo Monteiro, da equipe técnica do boletim do Dieese,  os dados do governo não permitem afirmar que as mortes foram decorrentes da covid-19 ou de contágios em aulas presenciais, mas autorizam fazer associações com a pandemia.

“Aparentemente, há uma relação com a pandemia, conforme se compara o salto de desligamentos deste primeiro quadrimestre de 2021 com 2020, mas não permite fazer a relação com o trabalho presencial, pois houve muito home office na educação. Outra relação sugerida esta no fato das mortes desses trabalhadores da educação ter sido mais acentuada nos três estados com as maiores taxas de mortalidade por covid-19″, explica, referindo-se aos estados de Rondônia, Amazonas e Mato Grosso. A declaração está reproduzida no site da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (Contee) e concedida ao site Vermelho.

Nos primeiros quatro meses de 2021, a quantidade de desligamentos de trabalhadores/as da educação por morte no Brasil mais do que dobrou (128%) com registro de 1.479 perdas de vidas só nesse período. No geral, os desligamentos por morte aumentaram 89% em relação ao período anterior, saindo de 18.580 para 35.125. A educação foi o quarto setor com o maior registro de contratos formais extintos devido ao falecimento de trabalhadores/as. O setor respondeu por 4,2% dos desligamentos por esse motivo no país.

Para o economista, os dados contribuem como subsídio para uma reflexão da categoria para negociar o retorno às aulas. “A partir de dados tão incomuns, os trabalhadores da educação podem garantir melhores condições de segurança sanitária com o retorno das aulas presenciais, alem da compreensão do impacto da pandemia na categoria”, sugeriu Monteiro.

Retorno às aulas presenciais

Segundo a Contee, existe um debate sobre a possibilidade de retorno generalizado das aulas presenciais em agosto, conforme a vacinação dos professores esteja avançada nos estados e municípios.  Ainda fica, porém, a situação de que os alunos passaram a aglomerar e circular o vírus entre familiares. Do mesmo modo que indivíduos vacinados podem contrair o vírus, adoecer e até ser internados com uma doença considerada grave e com sequelas respiratórias, entre outras.

No Rio Grande do Sul, o processo de retorno à presencialidade já se concretizou nas redes pública e privada, após embates na Justiça ocorridos entre fevereiro e maio.

Número de desligamentos por morte mais do que dobra nos primeiros meses de 2021

Caged

Caged

Entre as diferentes ocupações do setor, profissionais do ensino (professores e coordenadores, entre outros) foram os que mais tiveram vínculos encerrados por morte: 612, em 2021. Trabalhadores dos serviços – que apoiam as atividades de professores – formaram o segundo subgrupo mais afetado, com 263 desligamentos por morte. Pertencem a esse grupo faxineiros/as, porteiros/as, zeladores/as e cozinheiros/as.

Na curva evolutiva de desligamentos, abaixo, é possível observar uma certa simetria com a curva epidemiológica da covid.

Ministério da Economia - Caged

Ministério da Economia - Caged

 

Caged

Caged

Entre os profissionais da educação, os professores/as com ensino superior, que dão aulas no ensino médio, tiveram o maior aumento no número de desligamentos por morte. No início de 2021, essa quantidade mais que triplicou em relação a 2020.

O número de contratos extintos por morte entre professores/as de nível médio que atuam na educação infantil e fundamental também teve grande aumento: 238% nos quatro primeiros meses de 2021.

Rondônia, Amazonas e Mato Grosso foram os estados com o maior crescimento no número de desligamentos por morte em 2021, na comparação com o mesmo período de 2020. Essas três unidades da Federação também apresentaram as maiores taxas de mortalidade por covid-19 até junho de 2021.

Caged

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