EDUCAÇÃO

Polêmicas marcam as eleições para a Reitoria da Urcamp

Em eleições atípicas, Urcamp escolhe nova Reitoria em clima polarizado; aulas presenciais foram flexibilizadas no dia da votação, o que gerou protestos de alunos nas redes sociais
Por César Fraga / Publicado em 1 de setembro de 2022
Polêmicas marcam as eleições para a Reitoria da Urcamp

Foto: Reprodução/Urcamp

Suspensão das aulas nos campi é interpretada como dificuldade para estudantes votarem

Foto: Reprodução/Urcamp

Setembro começa em clima de disputa e com polêmicas no dia da votação para escolher a nova Reitoria do Centro Universitário da Região da Campanha (Urcamp). A instituição atua em Alegrete, Bagé, São Gabriel, Santana do Livramento e Dom Pedrito.

O 1º de setembro, dia da votação, foi marcado por fortes debates nas redes sociais. A principal polêmica do dia foi a suspensão das aulas presenciais nos campi no dia da votação, determinada pela reitora Lia Quintana, candidata ao quarto mandato pela Chapa 2.

Na semana anterior, após denúncia da Chapa 1 de que haveria ilegalidade no formato – eletrônico – escolhido pela comissão eleitoral para a votação, foi modificado o método para um modo híbrido mas com urnas físicas e voto em cédulas de papel. Segundo a oposição, o meio eletrônico fere o estatuto da Instituição e não permitiria o voto secreto. A partir disso a comissão eleitoral decidiu mudar o sistema de votação para voto em papel e com utilização de urnas físicas.

A votação encerra às 22 horas desta quinta-feira, 1º de setembro, e a apuração deverá ser concluída na manhã da sexta-feira, 2, quando será anunciada a chapa vencedora.

Aulas suspensas

Na tarde desta quinta-feira, um informe da Urcamp dava conta de que só haveriam aulas assíncronas. Conforme o Extra Classe apurou, um grande número de estudantes se manifestou nas redes sociais da própria universidade contra a decisão e em seus próprios perfis. “Tentativa de esvaziar o campus para não ter votantes ?? Q vergonha…”, questionou o estudante Daniel Nunes no perfil da Urcamp no Facebook.

“Mas tão usando todas as armas que acham que tem né? Vai ter aluno votando de noite sim!!!! A parcela discente tem peso sim e vai ir votar sim!”, postou a aluna Sthepani Gassen Klein.

Já o estudante Giovanni Noble apontou: “Que medo de perder essa eleição em Urcamp. Estaremos todos no campus”. Este foi o tom das dezenas de postagens.

Postagem de vereador gerou polêmicas e direito de resposta da reitora

Os dias que precederam a votação também foram pautados por mais polêmicas a partir da postagem do vereador em Alegrete, João Monteiro (Progressistas). Ele é ex-professor do curso de Direito da Urcamp e desafeto da reitora.

Na noite do dia 30 de agosto, o parlamentar postou em sua página no facebook: “recebi uma denúncia anônima hoje à tarde, um apelo na verdade, eu detesto denúncias anônimas porque contam os Santos e a gente que tem que pesquisar os milagres, a situação é lá pros lados de Bagé, dentre tanta treta a que mais me chocou foi saber das evidências de que Lia Quintana empregou esposa e os filhos no hospital universitário, sendo que teria até funcionário filho com CNPJ constituído que presta serviço pro próprio hospital”.

Ele vai adiante: “hospital que recebe verbas públicas da união, estado e municípios.  Engraçado que pra umas coisas se age como privado aí não se faz concurso/seleção, pra outras são públicos, na hora de receber repasses e emendas”.

Ainda ameaça: “promotoria me espera que eu tô chegando! Me admira muito gente que se diz de bem, deixar essa senhora como reitora, como presidente da FAT, do Comung e em outros espaços por tanto tempo, recebendo cerca de 35 mil mês, empregando toda a companheirada e com dívida de férias e 13º pros funcionários. E aí tem professor e funcionário que ainda apoia essa escravidão moderna, gourmetizada”.

O parlamentar, que é egresso da universidade ainda informou que iria postar os processos que a FAT tem no âmbito estadual, federal e trabalhista. “Tô fazendo um dossiê aqui, não são poucos, e já aviso, quem dorme com cachorro se coça, eu vou atrás dos companheiros tbm pq ninguém faz coisa errada sozinho, tem mais gente envolvida nesse balaio, ah tem”, escreveu.

A postagem repercutiu e a atual reitora pediu direito de resposta à Comissão Eleitoral, para se manifestar sobr o que foi dito. Direito concedido, a candidata à reeleição emitiu nota:

Direito de resposta – decisão da Comissão Eleitoral

 Dentro do direito de resposta que nos foi oportunizado pela Comissão Eleitoral, não vamos dar palco para oportunistas, mas sim, em uma única resposta de que as injúrias, calúnia e difamações, levadas a efeito pelo leviano vereador, estão sendo rebatidas em processo próprio, que já está em tramitação na 2ª Vara Cível de Alegrete, sob o número 50055331820228210002.

 O que nos importa dizer é que o salário de agosto está depositado nas contas de todos vocês desde ontem, dia 31.08.2022, o que, por sinal, tem acontecido desde que assumimos.

 Então senhores e senhoras professores e funcionários da URCAMP, façam as avaliações que entenderem, porque de nossa parte, estamos com a consciência tranquila pois estamos cumprindo com o prometido, não sendo necessário que façamos comprovação do que vamos fazer no futuro.

 Alertamos sim, que as falas de vendas e terceirizações dos nossos serviços, se tornaram evidentes, em função de parcerias e conluio com pessoa que está demandando, não contra a minha pessoa, mas sim contra a FAT-URCAMP. Desde o dia 01 de dezembro e 2010 o nosso trabalho foi pautado na

manutenção da Instituição de Ensino e de todas as mantidas da FAT, o que significa a segurança dos postos de trabalho, apesar das dificuldades que estamos vivenciando após dois anos de pandemia.

 Se entenderem que a nossa proposta, para o momento, é a mais adequada, conto com o seu voto.

 Lia Maria Herzer Quintana

Mais polêmicas em torno dos salários

O direito de resposta gerou mais polêmica ainda. Conforme a reportagem do Extra Classe acompanhou em grupos de WhatsApp, há possibilidade de a oposição entrar com novo pedido de réplica à nota da reitora por entender que extrapolou o tema tratado e por ter realizado propaganda eleitoral em cima do pagamento dos salários e não responder às acusações propriamente ditas. O regulamento da eleição veda propaganda eleitoral entre o dia 28 e o término da votação.

A questão dos salários diz respeito ao fato de nos dois meses que precederam a votação a Urcamp pagar os salários dos professores, diferente do usual, com 10 dias de antecedência e sem atrasos. O que foi considerado, curioso.

As eleições

Duas chapas concorrem no pleito. Votam em torno de 200 professores, 200 funcionários e 2.800 estudantes, totalizando em torno de 3.200 eleitores. A votação ocorre nos quatro campi (Alegrete, Bagé, São Gabriel e Santana do Livramento).

A Chapa 1 é encabeçada pelos professores Antônio Evanhoé Ferreira de Souza Sobrinho (reitor) e Guilherme Cassão Marques Bragança (vice-reitor). De outro, a Chapa 2 liderada por Lia Maria Herzer Quintana (reitora) e Derli João Siqueira (vice-reitor). Lia Quintana tenta a reeleição para seu quarto mandato à frente da universidade.

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