EDUCAÇÃO

Cogna Educação aposta no mercado potencial de R$ 4,6 bilhões do ensino técnico e EJA

Conglomerado projeta 62,5 milhões de mercado potencial de cursos técnicos e 56,5 milhões para o EJA sob a marca Anhanguera, adquirida em 2014
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 13 de dezembro de 2023
Cogna Educação mira mercado potencial de R$ 4,6 bilhões

Foto: Divulgação

Maior grupo do setor de educação privada do país, a Kroton incorporou a Anhanguera em 2014 e foi adquirida cinco anos depois pela Cogna Educação

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Uma das maiores empresas do setor mercantilista de ensino, a Cogna Educação confirmou na semana passada que está entrando com força nos segmentos de cursos técnicos e Educação de Jovens e Adultos (EJA).

De acordo com o CEO do conglomerado, Roberto Valério, a estratégia é investir nesses segmentos do mercado educacional que têm se mostrado promissores.

Se na área da educação de jovens e adultos o movimento estimado é de R$ 1 bilhão para 2025, a projeção de crescimento dos cursos técnicos nesse período deve alcançar R$ 3,6 bilhões.

Ainda segundo Valério, a Cogna prevê um público de 119 milhões de potenciais interessados nas duas modalidades que serão foco de exploração da companhia.

São 62,5 milhões de novos “clientes” para o segmento de cursos técnicos e 56,5 milhões para o EJA.

O anúncio do CEO da Cogna não chega a ser uma novidade. No final de maio passado, a Cogna que tem ações negociadas na Bolsa de Valores do Brasil, a B3, já havia enviado fortes sinais do novo direcionamento.

Marca guarda-chuva

A holding anunciava em meio às comemorações dos 29 anos da Anhanguera Educacional que a instituição que foi adquirida em 2014 pela então Kroton, hoje Cogna, se tornou a marca de EJA do grupo.

A Anhanguera oferece cursos presenciais e híbridos e possui mais de 170 cursos 100% na modalidade EaD.

Com a alteração, a Cogna objetiva atuar com a marca Anhanguera em toda formação que se dará através da ampliação de seu “portfólio de soluções”.

Entre essas “soluções”, novos produtos como EJA, cursos técnicos, livres e profissionalizantes.

A síntese é que – com o reposicionamento da marca Anhanguera – a Cogna passa a oferecer, conforme informe à imprensa, “uma formação curta e de qualidade, proporcionando um maior acesso ao mercado de trabalho e, consequentemente, ascensão social, melhorias de vida e de dignidade para cada um dos mais de 1 milhão de estudantes que compõem a rede de ensino”.

Há uma exceção. Os cursos de Medicina. Porém, procurada pela reportagem para informar quais unidades de ensino médico e suas denominações com a sua nova atuação de mercado, a holding através de sua vice-presidência de Crescimento/Relações Públicas optou em dizer que “infelizmente” não consegue passar as informações “no momento”.

Da mesma forma, a Cogna não quis se pronunciar sobre uma possível concorrência com o Sistema S.

Digitalização x Financeirização

Na ocasião do anúncio da Anhanguera como marca guarda-chuva de seus cursos técnicos e de EJA, o vice-presidente de Crescimento da holding, Leonardo Queiroz, afirmou que a companhia tem “passado por um profundo processo de digitalização que permite enxergar o aluno como um todo e, assim, ter visibilidade de cada necessidade”.

Segundo ele, essa concepção mudou a forma como a companhia direciona o crescimento dos negócios, “trazendo mais eficiência e inteligência na estratégia de captação de novos estudantes”.

Nem todos enxergam desta forma. Carolina Rezende de Almeida, por exemplo, em sua dissertação de mestrado no Programa de Pós-graduação da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) identifica a Cogna como um importante agente da “financeirização” da educação no Brasil.

“O Grupo Cogna Educação é conhecido por fazer parte do oligopólio no segmento do ensino superior, alcançado por meio de uma política agressiva de compras e fusões”, aponta a pesquisadora.

Segundo Carolina, o processo de financeirização que é percebido no ensino superior e no ensino básico se apresenta em escala global.

“Isso tem como consequência a ampliação do capital monetário e o acúmulo de recursos, por meio da rentabilidade do capital, tornando a educação uma mercadoria”, explica.

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