GERAL

Comenda à mme. Denakir

Luiz Carlos Barbosa / Publicado em 8 de agosto de 1997

Ela exibe uma energia contagiante aos 75 anos. Este atributo de personalidade talvez justifique a sua reeleição sistemática, por mais de 20 anos, para a presidência da Associação dos Professores de Francês do Rio Grande do Sul. O trabalho da Artef requer uma liderança capaz de criar condições de realizar, aceitar desafios diante de obstáculos aparentemente intransponíveis e estimular a equipe. Denakir de Oliveira Campos tem feito esta tarefa com desenvoltura e entusiasmo reconhecido internacionamente. Professora da rede pública e privada, agora aposentada, há 31 anos associada ao Sinpro/RS, no último dia 14 de julho, ela recebeu uma das mais importantes comendas concedidas pelo governo francês.

O presidente Jacques Chirac outorgou-lhe a Ordem Nacional ao Mérito, que distingue pessoas fora da França que desenvolvem atividades relevantes para a divulgação da cultura e da imagem do país. Afinal, a Artef mantém um curso permanente para a formação de professores de francês, que inclui uma intensa agenda cultural em parcerias com outras instituições como a UFRGS, a Aliança Francesa, a Pontifícia Universidade Cartólica do Rio Grande do Sul. O projeto interdisciplinar Saint Exupéry escritor aviador – da literatura a era tecnológica, por exemplo, foi desenvolvido em todo o estado.

COMENDA – “Ela muito me honra e é conseqüência do trabalho da Associação dos Professores de Francês do Rio Grande do Sul”, exclama Denakir que, com esta, soma três comendas francesas, a Chevalier e a Officier des Palmes Académiques, ambas do Ministério da Educação da França. “Partilhei esta comenda com cada professor em sua sala de aula, porque ninguém faz o trabalho sozinho”, comemora com humildade a comenda presidencial.

Madrinha da Associção dos Professores de Inglês do Rio Grande do Sul, uma das grandes batalhas de Denakir foi pelo retorno do ensino da Língua Francesa nas escolas da rede pública estadual. Ela assinala a importância cultural do trabalho realizado na Escola Florinda Tubino Sampaio. “É o primeiro centro de línguas numa escola pública no Brasil. Tem um valor inestimável na democratização do ensino de língua”. Ela conta que só depois de 12 anos de luta, em 1986, foi retomado o pluralismo de idiomas na rede estadual, quando foram criados nove pólos no estado. “Isso reverteu a situação do Francês”, ressalta.

Da Vila Cruzeiro do Sul ela guardará para sempre a imagem de um aluno da Escola Municipal de Porto Alegre Martim Aranha. Deu uma pirueta no ar e exclamou incrédulo: “Cem metros por andar!”, foi a reação de um menino que queria saber mais sobre a Torre Eiffel diante da resposta de um adido cultural da França. Ali naquela vila pobre de Porto Alegre Denakir também contribuiu para a democratização do ensino do francês. “Achamos, simplesmente, que aquelas crianças têm o mesmo direito das outras”, explica o princípio do projeto desenvolvido em convêncio com a Aliança Francesa e a Secretaria de Educação da Prefeitura de Porto Alegre. Com a colaboração dos professores associados à Artef e alunos da Universidade, o projeto-piloto na Martim Aranha se expandiu para mais 15 escolas e as crianças da Vila Cruzeiro foram a Paris conferir o tamanho da Torre Eiffel de perto e conhecer o Museu do Louvre. O relatório deste trabalho está registrado num documento oficial da ONU que trata sobre o ensino precoce. Em dezembro de 94, a SMED abriu concurso para professsores com dupla licenciatura (Português/Francês) e hoje nove escolas do município oferecem o ensino regular de Francês.

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