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Guerra Israel-Hamas matou mais jornalistas do que conflito na Ucrânia

39 jornalistas morreram no conflito, a maioria foi vitimada durante bombardeios israelenses. Comitê para a Proteção de Jornalistas também expõe situação grave dos civis e tentativas de censura à imprensa
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 9 de novembro de 2023
Guerra Israel-Hamas matou mais jornalistas do que conflito na Ucrânia

Foto: Al-Jazeera, captura de vídeo/ Divulgação

Toda a família de Wael al-Dahdouh, célebre correspondente da Al-Jazeera na Faixa de Gaza, foi morta por um ataque aéreo de Israel no centro da cidade

Foto: Al-Jazeera, captura de vídeo/ Divulgação

Antes mesmo de completar o primeiro mês do conflito entre Israel e o Hamas  já havia o dobro de jornalistas mortos do que nos quase dois anos da guerra entre Rússia e Ucrânia.

Pelo menos 17 profissionais da imprensa morreram em 20 meses na cobertura dos combates no Leste Europeu. Na frente de combate entre o exército israelense e o Hamas, 39 profissionais de imprensa perderam a vida durante durante o exercício do seu trabalho. Os dados são do Comitê para a Proteção de Jornalistas (CPJ), com sede em Nova Iorque.

De acordo com o Comitê, 34 jornalistas palestinos, quatro israelenses e um libanês morreram durante ataques, principalmente os perpetrados pela Força de Defesa de Israel (FDI), tanto na Faixa de Gaza quanto em território libanês. Os ataques, porém, foram precedidos de avisos de que a Israel “não poderia garantir a segurança” dos profissionais.

Para a CPJ, as hostilidades iniciadas no dia 7 de outubro passado configuraram o mês mais mortal para jornalistas que cobrem conflitos desde que ela iniciou a registrar mortes de profissionais de imprensa, em 1992.

“Os jornalistas em Gaza enfrentam riscos particularmente elevados conforme tentam cobrir o conflito face a um ataque terrestre israelense à Cidade de Gaza, a devastadores ataques aéreos israelenses, a interrupções nas comunicações e a extensos cortes de energia”, denuncia a CPJ.

Há registros ainda de pelo menos oito jornalistas feridos e vários que tiveram familiares mortos durante os bombardeios.

O jornal americano The New York Times mostrou a história do cinegrafista palestino Mohammed Alalou, da agência de notícias turca Anadolu.

Na segunda-feira, 6 de novembro, em um bombardeio que atingiu sua residência no campo de refugiados Maghazi, ele viu quatro de seus cinco filhos sem vida.

O cinegrafista ainda teve quatro irmãos e “vários sobrinhos” mortos e sua esposa hospitalizada com múltiplas fraturas, ferimentos por estilhaços e graves queimaduras no rosto.

A repercussão do ocorrido fez um porta-voz das FDI afirmar que Israel estava investigando se uma força militar do país “operava na área” durante a ofensiva.

Além da iminência de serem atigindos, a CPJ relata que os jornalistas que cobrem o conflito sofrem com tentativas de censuras.

A organização informa que ao menos nove jornalistas foram presos desde o começo da guerra.

“Múltiplos registros” de ameaças, agressões, ataques cibernéticos e assassinatos de familiares, também são denunciados pela CPJ.

Para o coordenador do programa do CPJ para o Oriente Médio e África do Norte, Sherif Mansour, “jornalistas são civis que realizam um trabalho importante em tempos de crise e não devem ser alvo das partes em conflito”.

Ele enfatiza: “os que estão em Gaza, em particular, pagaram, e continuam a pagar, um preço sem precedentes e enfrentam ameaças exponenciais”, conclui.

 

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