JUSTIÇA

Lupa Feminista visa proteger mulheres do feminicídio no RS

Em uma década são mais de mil vítimas no estado. No Agosto Lilás, Levante Feminista lança site de monitoramento para evitar mortes
Da Redação / Publicado em 1 de agosto de 2023

Foto: Levante Feminista/ Divulgação

Coletivo lança o observatório Lupa Feminista de monitoramento da violência contra as mulheres

Foto: Levante Feminista/ Divulgação

No Agosto Lilás e mês que a Lei Maria da Penha comemora 17 anos, a campanha Levante Feminista contra o Feminicídio, Transfeminicídio e Lesbocídio no RS lança um novo site de monitoramento da violência contra as mulheres e promove curso sobre a importância da análise de dados para evitar mortes.

A Lupa Feminista está disponível para consulta por mulheres, ativistas, serviços de atendimento, pesquisadoras e estudiosos, sendo um instrumento de apoio ao trabalho para prevenir a violência e acompanhar os feminicídios no Estado. As inscrições para o curso já estão abertas.

Foto: Arquivo Pessoal

Lupa se diferencia por analisar os dados e apontar as inconsistências para aprimorar a busca de informações para proteger a vida das mulheres

Foto: Arquivo Pessoal

“Além de apresentar dados, estatísticas, serviços, legislação, a Lupa tem como diferencial analisar os dados e apontar as inconsistências para aprimorar a busca de informações como forma de proteger a vida das mulheres”, resume a psicóloga Thais Pereira, coordenadora do Observatório Lupa Feminista.

A ferramenta começou a ser desenvolvida em 2021 para aprofundar a análise dos feminicídios com enfoque de gênero, raça, etnia, identidade de gênero, orientação sexual e deficiência no Rio Grande do Sul a partir da ideia de que o acesso a dados ajuda no enfrentamento à violência.

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Telia: tecnologia ao lado das mulheres

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“Este é um movimento internacional que visa colocar dados, informações e alertas por meio digital e fazer com que as tecnologias estejam ao lado das mulheres”, afirma a cientista política Telia Negrão, que pesquisa sobre o tema e integra a Lupa e a coordenação nacional da Campanha Levante Feminista.

Entre os conteúdos oferecidos, a Lupa Feminista apresenta a localização de todos os serviços de atendimento a mulheres por município desde Delegacias Especializadas, Centros de Referência, Juizados de Violência Doméstica, Sala das Margaridas, Núcleos e Defensorias Especializadas, entre outros. Disponibiliza, ainda, toda a legislação atualizada no estado e no país que mais mata mulheres trans no planeta, além de dados de violência de gênero.

No RS, uma mulher é agredida a cada 22 minutos e em menos de quatro dias ocorre um feminicídio. O judiciário gaúcho emite, em média, 459 medidas protetivas por dia. Mesmo assim, apenas 20% das vítimas de feminicídio em 2022 tinham Medida Protetiva, o que mostra o cenário de terror e insegurança que resulta em mais de mil feminicídios em uma década.

Feminiciômetro e violentômetro

A Lupa apresenta um “feminiciômetro”, que atualiza instantaneamente os assassinatos gerados por razões de gênero do estado e país e um “violentômetro” que mostra a gradação da violência até a morte.

Até o final de julho foram 50 mulheres assassinadas no RS. Em 2022, foram 110 feminicídios e outras 262 tentativas. Segundo a jornalista Niara de Oliveira, autora do livro Histórias de morte matada contadas feito morte morrida – a narrativa de feminicídios na imprensa brasileira (Drops, 348 p. 2022), e também coordenadora do observatório, muitas dessas mortes ou tentativas foram divulgadas como feminicídios comuns ou de forma culpabilizadora das mulheres. Por isso, uma das missões da Lupa é alertar para a banalização dos feminicídios e realizar ações educativas de prevenção.

Curso

Um curso com três oficinas está sendo oferecido no mês de agosto, em três módulos nos dias 12, 19, e 26, sempre aos sábados, a todas as interessadas abordando o monitoramento dos feminicídios como estratégia do ativismo para evitar a morte de mulheres.

As inscrições prévias on-line para o curso são gratuitas e será fornecido certificado de frequência.

Entre as palestrantes convidadas estão a Secretária de Enfrentamento à Violência do Ministério das Mulheres, integrantes de quatro iniciativas de monitoramento nacionais e internacionais, além de especialistas integrantes do Levante Feminista Contra o Feminicídio.

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