MOVIMENTO

Os primeiros lotes

Da Redação / Publicado em 23 de dezembro de 1999

Reforma agrária sai do papel e começa a virar realidade no estado, depois do processo de compra de 1.016 hectares em São Luiz Gonzaga.

Foi com um largo sorriso de satisfação que os agricultores Antônio Bueno de Souza e Oldina Pinheiro receberam, das mãos do governador Olívio Dutra, o título de concessão do primeiro lote da reforma agrária estadual. Eles e outros 56 famílias de agricultores foram protagonistas de uma página incomum na história recente do Rio Grande do Sul: eles entraram na fazenda Piraju, no último dia 24 de novembro, como donos dos 1.016 hectares de terra da propriedade, desapropriada com recursos do governo estadual. A fazenda fica no município de São Luiz Gonzaga.

Foi o próprio governador quem abriu o cadeado da fazenda para permitir a entrada dos colonos. Olívio explicou que o assentamento – batizado de Sepé Tiaraju – representa um marco simbólico do acesso dos trabalhadores à terra. “Queremos que esses assentados se tornem protagonistas de um novo modelo de produção, com qualidade de vida”, disse.

O coordenador do departamento de Desenvolvimento Rural e Reforma Agrária, frei Sérgio Görgen, disse que agora os agricultores têm de fazer a sua parte. “Têm de mostrar (os agricultores) que são capazes de produzir”, estimulou. Para isso, os colonos terão assistência de técnicos do governo estadual e da Emater. Pelo termo de concessão assinado pelo governo estadual, a família assentada compromete-se a não vender, arrendar ou conceder a terra. Os mais de mil hectares foram divididos em cinco núcleos distintos, mas as famílias deverão atuar em sistema cooperativado.

O ato reuniu duas centenas de pessoas ligadas ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e teve a presença de um dos coordenadores do movimento, Darci Maschio. Ele disse que os assentamentos serão auto-sustentáveis e terão ênfase na produção orgânica. Além disso, Maschio reafirmou que o MST vai continuar com sua política de ocupação de terras para forçar as vistorias que levem à desapropriação federal para fins de reforma agrária.

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