MOVIMENTO

Dia de protestos contra a reforma da Previdência

Mobilização levou movimentos sindical e social, além de partidos de esquerda, para as ruas em todo o país
Por Cristina Ávila / Publicado em 19 de fevereiro de 2018

Foto: Igor Sperotto

Manifestantes distribuíram informações à população informando sobre a proposta de Temer

Foto: Igor Sperotto

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Cinara:

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O fim da tarde começou com chuva e com a reunião de movimentos sociais e partidos de esquerda na Esquina Democrática, centro da capital gaúcha, no Dia nacional de luta contra a reforma da Previdência. Esse foi o quarto momento de manifestações em Porto Alegre. O primeiro foi de madrugada no aeroporto Salgado Filho. Depois, às 7h, houve protesto na estação rodoviária, seguida de caminhada até o prédio do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Houve protestos em diversos municípios do interior do Rio Grande do Sul, e trabalhadores fizeram greves nas indústrias, principalmente petroleiros e metalúrgicos.

A diretora da Secretaria de Políticas Sociais do Sindicato dos Trabalhadores Federais da Saúde, Trabalho e Previdência no Rio Grande do Sul (SindisprevRS), Dinara Del Rio, começou cedo a jornada, participando dos protestos ao longo de todo o dia. Sua maior preocupação são os prejuízos para as mulheres. “A PEC atinge principalmente as mulheres. A proposta do governo é aumentar a idade mínima para aposentadoria e aumentar o tempo de contribuição. Com a reforma trabalhista, que já reduziu as condições de trabalho e com o desemprego que chega a 12%, a tendência é que poucas consigam atender as exigências para chegar à aposentadoria”. Ela calcula que aos 62 anos e 40 anos de contribuição previdenciária, especialmente as trabalhadoras da iniciativa privada com contratos intermitentes serão prejudicadas.

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Manifestação no centro de Porto Alegre reuniu movimentos sindical e social e partidos de esquerda

Foto: Igor Sperotto

Segurando um cartaz feito em casa contra a reforma da Previdência, a bibliotecária aposentada Nara Mancuso, ex-funcionária do Governo do Estado, foi para a Esquina Democrática por conta própria, como cidadã, sem estar vinculada a nenhum partido político ou sindicato. “Estou muito triste com a destruição do Brasil. O povo tem que se unir e lutar, principalmente os jovens, que têm boas ideias e são criativos. A gente tem que chamar mais gente para a rua”.

Letícia Zimmerman, da União da Juventude Comunista, foi uma das primeiras a chegar na esquina da Borges de Medeiros com a Rua da Praia. Estudante de direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), ela aproveitou um intervalo do trabalho para se juntar a outros estudantes que estavam na rua, algum com tambores, em batucada. “As reformas no Brasil são reflexos da cultura capitalista que vivemos, que impõe violência contra os movimentos sociais e retira direitos dos trabalhadores, que foram conquistados em anos de luta, e ainda são rasos e insuficientes”.

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Dinara: a PEC atinge principalmente as mulheres

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Manifestações no interior do estado

Em Sapucaia do Sul, cidade da Região Metropolitana de Porto Alegre, houve manifestação em frente à fábrica da Gerdau. Na Serra Gaúcha, houve ato em Caxias do Sul. Em Passo Fundo, manifestantes também se concentraram em frente ao prédio do INSS. O movimento teve adesão ainda em cidades como Pelotas e Santa Cruz.

Segundo informações apuradas no final da tarde pela CUT Nacional, além do Rio Grande do Sul, aconteceram protestos em aeroportos de São Paulo, Brasília e Acre; e greves-relâmpago em diversos pontos do país. No ABC paulista, os metalúrgicos fizeram greve nas montadoras Mercedes-Benz, Scania Volkswagen, Ford e Toyota; e os trabalhadores pararam também nas empresas Otis, Grundfos Brasil, Proxyon, ZF e Magna Cosma Internacional.

As capitais e muitas cidades interioranas se manifestaram. Os petroleiros cruzaram os braços nas refinarias da Bacia de Campos (RJ), na Usina de Xisto da Petrobras, em São Mateus do Sul, no Paraná, e no Terminal Paranaguá, também paranaense. No interior paulista, a categoria também paralisou atividades nos terminais de São Caetano do Sul, na Transpetro em Guarulhos, e nas refinarias da Petrobrás de Paulínia e Capuava, em Mauá. Em Macaé (RJ), a paralisação deve continuar nesta terça-feira. Bancários fecharam agências em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Belém, Florianópolis, Teresina e Recife.

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