Ato do Dia do Trabalhador reúne milhares em Curitiba

Foto: Matheus Chaparini
Foto: Matheus Chaparini
Desde a prisão de Lula, no dia 7 de abril, uma vigília diária se mantém junto à superintendência da Policia Federal, em Curitiba. A mobilização contribuiu com a união de forças de diversos movimentos sociais, culminando no primeiro Ato Unificado do Dia do Trabalhador, desde a redemocratização do Brasil, em torno do slogan Por Direitos, pela Democracia e por Lula Livre.
Milhares de trabalhadores lotaram a Praça Santos Andrade, no centro da capital paranaense. A manifestação foi convocada pelas sete maiores centrais sindicais – CUT, ComLutas, CTB, Intersindical, Nova Central, UGT e, até mesmo, a Força Sindical, liderada nacionalmente pelo ‘Paulinho da Força’, que apoiou o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff.
Desde o início da manhã, trabalhadores de diversas partes do país começaram a chegar ao local. O aquecimento ficou por conta do grupo posicionado nas escadarias da Universidade Federal do Paraná. Além de faixas dos partidos presentes – PT, PCO e Psol – uma outra fazia referencia à “República de Curitiba”, mencionada por Lula em um dos áudios vazados pela Lava Jato à imprensa, mas com uma parodia. Junto à faixa com os dizeres República Socialista de Curitiba, os militantes cantavam: “Ei, Michel Temer, a parada é a seguinte, você sai, o Lula volta para fazer constituinte”
O discurso sustentado pelo Partido dos Trabalhadores, de que mesmo preso Lula é o candidato, repercute forte na militância. No ato, era difícil encontrar quem cogitasse a possibilidade de um outro candidato à esquerda ou de especular sobre uma eleição sem a participação do ex-presidente. “Não tem plano B, primeiro turno é Lula do PT”, cantava o grupo. O juiz Sergio Moro é outro alvo constante das músicas e gritos de guerra entoados em Curitiba ao longo destes vinte e cinco dias de mobilização. A tradicional cantiga infantil “Boi da cara preta” ganhou uma versão em que a rima sugere devolver “ao capeta” o juiz da primeira instância da Justiça do Paraná.

Foto: Matheus Chaparini
Foto: Matheus Chaparini
Na programação cultural, a sambista Beth Carvalho, as cantoras Ana Cañas e Maria Gadú e o cantor Flávio Renegado. Porém, mais do que nunca, o foco do Dia do Trabalhador era mais a luta do que a celebração.
A professora Jane Becker veio a Curitiba com a caravana de Joinville. “É o dia do trabalhador, não do trabalho, como os capitalistas insistem em colocar. Especialmente hoje, aqui em Curitiba é um dia de luta, em defesa da liberdade, da democracia e da classe trabalhadora.” Jane é professora de Português, leciona na rede municipal, estadual e privada. Com três empregos, ela acredita que, com a reforma trabalhista, a tendência é que se tenha que trabalhar cada vez mais para garantir o sustento.
Com menor envolvimento com a militância, o professor Marcos Aparecido do Nascimento, veio do município de Tarabai, no interior de São Paulo, convencido de que o momento político pede mobilização.
“Todo mundo que luta por democracia e que quer um país melhor, com menos desigualdade de renda tem que estar aqui hoje. A minha presença aqui, de alguma maneira, está ajudando nesta luta.”
Centrais argentinas trazem apoio internacional

Foto: Matheus Chaparini
Foto: Matheus Chaparini
Para o dirigente, a emergência de “sonhos retrógrados” ameaçam o sistema democrático, que parecia consolidado na região. “No Brasil, a situação é ainda mais grave, pois há um ex-presidente preso e impedido de concorrer”, afirmou Schmid, que veio ao Brasil em uma caravana de vinte trabalhadores da CGT. O dirigente manifestou ainda preocupação com os impactos que a instabilidade política pode ter na economia. “Quem vai investir em um país em que uma hora é um presidente, daqui a pouco já é outro?”
O secretario para assuntos internacionais da CTA (Central de Trabajadores de la Argentina), Andrés Larisgoitia, é taxativo: “Aqui não se está vivendo a democracia e sim uma aliança entre o poder de fato e o poder Judiciário.” Para Andrés, o momento é de defesa da liberdade e dos direitos políticos do ex-presidente Lula. “Para nós, trabalhadores, independente de ser brasileiro ou argentino, Lula é nosso representante. E é o candidato escolhido pelo povo brasileiro, pelo que dizem as pesquisas.”
O representante da CTA é também integrante de um Comitê em Solidariedade a Lula, na Argentina. O comitê foi criado logo após a viagem de dirigente sindicais a Porto Alegre, onde acompanharam o julgamento do processo de Lula em segunda instância.