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Serpentário da Fundação Zoobotânica reabre ao público

Interdição pelo governo Sartori, em 2017, suspendeu o fornecimento de matéria-prima para produção do soro antiofídico que abastecia hospitais do estado
Por Cleber Dioni Tentardini / Publicado em 28 de dezembro de 2018
Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente determinou reabertura da área de visitação pública do Núcleo de Ofiologia de Porto Alegre, mantido pelo Museu de Ciências Naturais

Foto: Cleber Dioni Tentardini

Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente determinou reabertura da área de visitação pública do Núcleo de Ofiologia de Porto Alegre, mantido pelo Museu de Ciências Naturais

Foto: Cleber Dioni Tentardini

Após permanecer 23 meses fechado, o Serpentário da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul foi reaberto para visitação pública nesta sexta-feira, 28.

A sala passou por algumas reformas, como substituição de uma das portas que havia sido danificada em tentativa de arrombamento; pintura e substituição da iluminação.

Neste reinício estão em exposição apenas 10 cobras de diferentes espécies e três animais silvestres – lagartos.

Após 23 meses fechado, Serpentário passou por reformas e foi reaberto ao público

Foto: Cleber Dioni Tentardini

Após 23 meses fechado, Serpentário passou por reformas e foi reaberto ao público

Foto: Cleber Dioni Tentardini

A reabertura, à contragosto da Secretaria do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Sema), que alegou em diversas ocasiões não ter obrigação legal de manter um serpentário, foi determinada pela Justiça ainda em janeiro de 2017. Em abril deste ano, a Promotoria de Justiça  de Defesa do Meio Ambiente cobrou em reunião com diretores da Sema e Fundação Zoobotânica (FZB) a reabertura da área de visitação pública do Núcleo de Ofiologia de Porto Alegre (Nopa), que é mantido pelo Museu de Ciências Naturais.

O Nopa foi criado em 1987 pelo professor Thales de Lema, um dos pioneiros do Museu de Ciências Naturais, da FZB. Com verba do Ministério da Saúde, Lema montou um laboratório de pesquisas e extração de veneno de serpente, a peçonha, para fornecer aos centros produtores de soro antiofídico nacionais. Em seguida, o professor organizou a Rede Nacional de Núcleos de Ofiologia (Renno), criando nos estados núcleos similares ao Nopa.

Lema chegou a ser convidado pelo Laboratório Farmacêutico do Rio Grande do Sul (Lafergs) para criar o soro antiofídico gaúcho, tanto para uso humano como veterinário, mas não chegou a concluir o trabalho, porque se aposentou e assumiu como professor, em dedicação exclusiva, do Programa de Pós-Graduação em Zoologia da PUCRS, criando as linhas de pesquisa em Ictiologia e Herpetologia.

Estado não fornece mais peçonha para produção de soro antiofídico 

Espécies como a Cascavel, que fornece matéria-prima para a produção de soro antiofídico, estão em exposição no Serpentário

Foto: Cleber Dioni Tentardini

Espécies como a Cascavel, que fornece matéria-prima para a produção de soro antiofídico, estão em exposição no Serpentário

Foto: Cleber Dioni Tentardini

Desde a interdição do Serpentário, em 2017, também foi suspenso o envio de veneno das serpentes nativas ao Instituto Vital Brazil (IVB), no Rio de Janeiro, porque a Fundação Zoobotânica não renovou o convênio com o laboratório carioca, reduzindo a matéria-prima para produção de soro antiofídico fornecido ao Ministério da Saúde, que redistribui aos hospitais do estado.

A parceria entre FZB e o IVB foi firmada em setembro de 2009 e previa, além da remessa de peçonha, um acordo de cooperação técnico-científica, permitindo o intercâmbio entre técnicos, bolsistas e pesquisadores das duas instituições.

A remessa do material ocorria de duas a três vezes por ano, de acordo com a demanda do Vital Brazil.

“Os venenos das cobras mudam de acordo com a espécie e região de incidência. Aqui no RS tem cascavéis com uma concentração maior da substância chamada Crotamina. Essa toxina é um diferencial para produção de soro mais eficaz”, lembrou o biólogo Roberto Oliveira.

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