MOVIMENTO

10 mil protestam na Sé contra Reforma da Previdência

Enquanto o presidente Bolsonaro entregava proposta da Reforma no Congresso, centrais sindicais reuniam trabalhadores em assembleia nacional na Praça da Sé
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 20 de fevereiro de 2019
Ato na Praça da Sé em São paulo reuniu milhares de trabalhadores contra a Reforma da Previdênci

Foto: Marcelo Menna Barreto

Ato na Praça da Sé, em São Paulo, reuniu milhares de trabalhadores contra a Reforma da Previdência

Foto: Marcelo Menna Barreto

Na manhã desta quarta-feira, 20, sob forte sol e em um calor de 31 graus, trabalhadores e lideranças de movimentos sindicais lotaram a praça da Sé, em São Paulo, no exato momento que o presidente Jair Bolsonaro entregava na Câmara Federal, em Brasília, a proposta de reforma previdenciária de seu governo. O evento, uma atividade conjunta de oito centrais sindicais (CUT, Força Sindical, CTB, Intersindical, Nova Central, CGTB, CSP-Conlutas e CSB) conforme os organizadores reuniu cerca de 10 mil pessoas e se chamou Assembleia Nacional da Classe Trabalhadora. Na ocasião, foi definido um calendário de lutas que prevê atos públicos, mobilização nos locais de trabalho e nos bairros de todos os municípios do País para, segundo os organizadores, dizer não à proposta que “praticamente acaba com o direito à aposentadoria de milhões de brasileiros e brasileiras”.

Documento aprovado pelos presentes na assembleia destaca, para a convocação de grandes atos unitários, no 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, e no 1º de Maio, Dia do Trabalhador. Também foi deliberada a realização de um Dia Nacional de Lutas e Mobilizações em defesa da Previdência Social Pública e contra o fim da aposentadoria, em data a ser estabelecida pelas centrais sindicais, como parte da Jornada Nacional de Lutas em defesa da Seguridade e a Previdência Social.

Douglas Izzo, presidente da CUT São Paulo e professor da rede estadual, criticou a proposta de Bolsonaro, na sua opinião um presidente fake. Izzo denuncia que o governo está tentando colocar os trabalhadores do setor privado contra os servidores públicos. “Precisamos, antes de tudo, manter a unidade dos trabalhadores do setor público e privado, do campo e da cidade, porque essa proposta de reforma nada mais é do que o fim do direito à aposentadoria de todos nós”, defendeu ao acrescentar: “Ninguém mais vai se aposentar se não lutarmos. O caminho é continuar a construir a luta de resistência e impedir o avanço dessa proposta”.

Na mesma linha, o dirigente da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, Luis Carlos Prates, o Mancha, alertou para a tentativa de manipulação por parte do governo: “Vai mentir descaradamente e tentar manipular a população instigando a confusão para que de fato os trabalhadores não entendam os malefícios da reforma. Ao invés de trabalhar com a palavra ‘reforma’ usará a palavra ‘mudança o que pode soar como positivo para a população, o que tem como intuito acabar com a aposentadoria e direitos previdenciários”.

Para Wagner Gomes, secretário geral da CTB Nacional, “a ideia é que os estados intensifiquem a mobilização e diálogo com a base para que ocupem as ruas e alertem o nosso povo sobre o que está em jogo com a ameaça de Reforma da Previdência”, destacando que a possibilidade dos trabalhadores se aposentarem com uma certa dignidade vem sofrendo sucessivos ataques desde a gestão Michel Temer.

UNIFICAÇÃO – Em 28 de abril 2017, as centrais sindicais realizaram uma histórica greve geral contra a reforma da Previdência proposta pelo então presidente Temer. Foram mais de 40 milhões que cruzaram os braços para protestar contra o fim da aposentadoria e também lutar por uma Previdência Social pública, universal, com valorização real que ampliasse a proteção social aos que mais necessitam.

Depois da greve geral, novas manifestações ocorreram, como o Ocupe Brasília, em 24 de maio daquele ano. Nessa manifestação, mais de 150 mil pessoas marcharam na Esplanada dos Ministérios contra os ataques aos direitos dos trabalhadores. A pressão das manifestações, tanto na capital do país quanto nos estados, conseguiu parar a tramitação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287. Atualmente, a PEC 287 aguarda votação em Comissão Especial na Câmara dos Deputados.

Comentários