MOVIMENTO

Professores condicionam suspensão da greve à negociação por dias parados

Sem negociação do corte de ponto e da recuperação das aulas, a greve continua, afirma Helenir Schürer, presidente do Cpers/Sindicato.
Por Flavio Ilha / Publicado em 20 de dezembro de 2019

Foto: Divulgação/Cpers

Foto: Divulgação/Cpers

Os professores estaduais do Rio Grande do Sul decidiram em assembleia geral na tarde desta sexta-feira, 20, continuar em greve enquanto o governo não apresentar uma proposta de negociação dos dias parados. A decisão da assembleia, realizada no Ginásio Municipal Celso Morbach, em São Leopoldo, é de suspensão do movimento apenas mediante acordo assinado que condicione a recuperação das aulas ao pagamento dos dias parados.

Como o governador Eduardo Leite já sinalizou que não pretende pagar os dias parados, a possibilidade de um impasse em relação ao ano letivo de 2019 é real: será necessários recuperar 25 dias de aula para completar a carga necessária de 200 dias para que o ano letivo seja encerrado.

“Sem negociação do corte de ponto e da recuperação das aulas, a greve continua. Janeiro será de mobilização intensa. Caso o governador Eduardo Leite convoque sessão extraordinária para votar o pacote, convocaremos nova assembleia geral para retomar a luta”, anunciou a presidente do Cpers, Helenir Schürer.

Os professores estão em greve desde o dia 18 de novembro. Reivindicam a retomada da normalidade dos pagamentos salariais, parcelados há 49 meses, e reposição salarial imediata. Professores e servidores públicos estão sem reajuste salarial há cinco anos. Também querem a retirada do pacote de reforma administrativa enviada para a Assembleia e que deve ser votado no final de janeiro.

A Secretaria da Educação e o governo do Estado alegam que não foram comunicados da decisão dos professores, mas que a orientação é de que só haverá negociação com os grevistas após a recuperação total do ano letivo. A Secretaria anunciou que já tem um calendário montado e que, segundo memorando encaminhado às Coordenadorias Regionais de Educação, os estudantes de escolas com adesão total à greve deverão terminar o ano letivo apenas no dia 23 de janeiro.

Foto: Cpers/Divulgação

Foto: Cpers/Divulgação

Servidores suspendem a greve

Os servidores públicos em greve unificada desde 26 de novembro decidiram em assembleia na manhã desta sexta-feira, 20, suspender temporariamente o movimento e permanecer mobilizados até a retomada da votação dos projetos de reforma administrativa, prevista para o final de janeiro.

Uma nova assembleia geral unificada, reunindo funcionários vinculados ao Sintergs, Sindicaixa e Sindsepe, será convocada para 21 de janeiro (terça-feira), quando será debatida a possibilidade de continuação da greve. Os trabalhadores retomarão suas atividades na próxima segunda-feira, 23.

A greve foi motivada pelo parcelamento nos salários dos servidores, que já chega a 49 meses, e também à falta de negociação para reposição salarial há cinco anos. O Supremo Tribunal Federal (STF) autoriza greve de serviços públicos, mesmo essenciais, em caso de quebra de contrato pelo atraso no pagamento dos salários.

Mesmo com a suspensão temporária da greve, o comando unificado será mantido para garantir a mobilização e para planejamento das próximas etapas do movimento.  “O mês de janeiro será de mobilização intensa. Diversas sugestões de servidores foram acolhidas e serão implementadas pelo comando de greve logo depois dos recessos de final de ano”, disse o presidente do Sintergs, Nelcir André Varnier.

Em caso de funcionários grevistas sofrerem assédio moral no retorno ao local de trabalho, a orientação é para que esses servidores façam contato com o comando de greve e seus sindicatos para que as medidas administrativas e jurídicas cabíveis sejam tomadas.

Também há a recomendação de que os trabalhadores mantenham a mobilização pelas redes sociais e que não afrouxem a pressão sobre os parlamentares, responsáveis pela análise das medidas que prejudicam as carreiras públicas e precarizam ainda mais a oferta de serviços à população – especialmente às camadas mais pobres, que têm no Estado o único acesso a determinados benefícios.

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