MOVIMENTO

Greve de petroleiros paralisa 24 unidades da Petrobras em 13 estados

Mobilização nacional contra demissões, descumprimento de Acordo Coletivo de Trabalho e violação de direitos começou no sábado e já mobiliza 8 mil trabalhadores em todo o país
Por Gilson Camargo / Publicado em 3 de fevereiro de 2020
Terceiro dia de greve dos petroleiros tem atos de solidariedade e adesões em todo o país

Foto: FUP/ Divulgação

Terceiro dia de greve dos petroleiros tem atos de solidariedade e adesões em todo o país

Foto: FUP/ Divulgação

A greve nacional dos petroleiros deflagrada no dia 1º de fevereiro paralisou 24 plantas da Petrobras em 13 estados, e mobiliza cerca de 8 mil trabalhadores até o final da tarde desta  segunda-feira, 3, de acordo com a Federação Única dos Petroleiros (FUP) e sindicatos dos petroleiros nos estados.

A paralisação atinge a Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco (Rnest), Terminal Aquaviário de Suape, em Pernambuco, Fábrica de Lubrificantes do Nordeste, no Ceará (Lubnor), Refinaria Duque de Caxias, no Rio de Janeiro (Reduc), Refinaria Presidente Getúlio Vargas, no Paraná (Repar), Fábrica de Xisto, no Paraná  (SIX), Terminal de Paranaguá, no Paraná (Tepar), Terminal de São Francisco do Sul, em Santa Catarina (Tefran), Refinaria de Paulínia, em São Paulo (Replan), Refinaria de Capuava, em Mauá/São Paulo (Recap), Refinaria Landulpho Alves, na Bahia (Rlam), Refinaria de Manaus, no Amazonas (Reman), Refinaria Gabriel Passos, em Minas Gerais (Regap), Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas e Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados, no Paraná (FafenPR/Ansa).

A FUP e os sindicatos associados enviaram comunicado à gestão da Petrobras e subsidiárias informando o início da greve e assegurando que os petroleiros irão garantir o abastecimento da população durante o movimento grevista.

Em nota, a estatal afirmou que o movimento é “descabido” e que tomou as providências necessárias para garantir a continuidade da produção de petróleo e gás, o processamento em suas refinarias, além do abastecimento do mercado de derivados e as condições de segurança dos trabalhadores e das instalações.

A diretora de abastecimento, Anelise Lara, afirmou que o maior impacto da greve ocorre na troca de turnos das unidades da petrolífera, mas assegura que até a gora a produção não foi afetada.

“As justificativas são infundadas e não preenchem os requisitos legais para o exercício do direito de greve. Os compromissos pactuados entre as partes vêm sendo integralmente cumpridos pela Petrobras em todos os temas destacados pelos sindicatos”, argumenta a Petrobras em seu comunicado.

Os petroleiros cobram a suspensão das demissões em massa na Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen), previstas para ocorrer até 14 de fevereiro, e que representam o corte de mais de mil trabalhadores.

A categoria também reivindica a suspensão de medidas unilaterais que contrariam o Acordo Coletivo de Trabalho e os fóruns de negociação, o fim da implantação unilateral das tabelas de turno de três por dois dias em ciclos de cinco dias, dos posicionamentos equivocados de cartões de ponto para apuração da hora extra da troca de turno, fim do interstício total e exigência dos trabalhadores chegarem na madrugada, das transferências de trabalhadores sem negociação com os sindicatos e o estabelecimento imediato de um processo negocial sobre todos estes pontos, com duração mínima de 30 dias, sem  condicionamento de renúncia de direitos ao avanço das tratativas. A pauta de reinvindicações foi apresentada à gerência da Petrobras em reunião na última sexta-feira, 31.

Desde a última sexta-feira, a comissão permanente de negociação ocupa o edifício-sede da Petrobras, no Rio de Janeiro. A estatal energia cortou a energia elétrica e a água do andar ocupado pelas lideranças, mas a Justiça determinou a regularização dos serviços sob pena de multa de R$ 100 mil por hora de não fornecimento.

A FUP denunciou outras arbitrariedades contra os trabalhadores e lideranças em algumas refinarias e relatou que entre as 23h de sexta e a zero hora de sábado, não houve rendição nos turnos de 11 unidades de refino e produção de derivados de petróleo da Petrobras, nem em três terminais da Transpetro.

Na manhã desta segunda-feira, petroleiros do Rio Grande do Sul, do Espírito Santo e do Norte Fluminense se somaram à greve e a categoria realizou atos e acampamentos em diversas unidades da estatal por todo o país e também na sede administrativa da empresa, no Rio de Janeiro.

“A comissão de negociação da FUP segue há quase 72 horas, cobrando interlocução com a gestão da empresa para suspender as demissões na Fafen-PR e outras medidas unilaterais que descumprem o Acordo Coletivo de Trabalho. A direção do Sindipetro/MG e da FUP obteve liberação de 37 petroleiros mantidos na Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim, desde as 23h30 da sexta-feira.

“Foi cárcere privado”, denunciou Alexandre Finamori, diretor do Sindipetro/MG e da FUP, ao informar que a Petrobras tentou impedir a adesão dos trabalhadores à greve.

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