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Centrais denunciam orquestração para voto de cabresto

Sindicalistas apontam ao Ministério Público do Trabalho do RS casos de coação praticada por empresas a seus empregados. Suspeita-se de orquestração devido à similaridade dos procedimentos
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 7 de outubro de 2022
Centrais denunciam orquestração para voto de cabresto

Foto: Carol Lima/CUTRS

Representqntes das Centrais: Paulo Farias, secretário de relações de Trabalho da CUTRS; Amarildo Cenci, presidente da CUTRS; Denis Einloft, advogado da CUTRS; Marcos Fernando Muller, presidente sindicato dos metalúrgicos de Cachoeirinha; e Éder Pereira da Silva, diretor da CTB-RS

Foto: Carol Lima/CUTRS

A Central Única dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul (CUTRS) e demais centrais se reuniram nessa sexta-feira, 7, com o procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho no Rio Grande do Sul (MPT-RS), Rafael Foresti Pego, para denunciar assédio orquestrado de empresas a funcionários para que votem nos candidatos dos patrões.

As centrais foram solicitar ao órgão uma força tarefa para coibir a tentativa de “voto de cabresto” que está sendo verificado em diversas empresas no estado. “Consideramos isso crime eleitoral, abuso de autoridade contra a democracia”, afirmou o presidente da CUTRS, o professor Amarildo Cenci.

Centrais estão vigilantes

Essa é uma das medidas que irá se desdobrar em ações judiciais dos representantes dos trabalhadores e o possível ingresso em petições de outras entidades que já estão em andamento.

Segundo Denis Einloft, advogado trabalhista que integra o coletivo jurídico da CUT/RS, “tudo indica que existe uma ação orquestrada por entidades de representação patronal que estão disseminando um conteúdo padrão para seus associados”.

Em diversas regiões do Rio Grande do Sul ofícios seguem a linha do enviado no último dia 3 pela Stara, tradicional empresa de máquinas e implementos agrícolas, aos seus fornecedores.

“Varia o português e o percentual de cortes nos orçamentos, mas a ideia está concatenada. É isso que nos evidencia como uma ação que está sendo tomada em conjunto”, diz o advogado.

Ações judiciais prontas

Ilegalidade, arbitrariedade, algo completamente imoral. Esses ainda foram os adjetivos que permearam o encontro.

Segundo os dirigentes presentes, uma série de denúncias têm chegado aos sindicatos e, no momento, empresas já estão devidamente mapeadas para ter que explicar a sua conduta.

O procurador-chefe do MPT informou na ocasião que diligências e investigações estão em curso e que alguns processos já estão sendo instalados. Rafael Pego ainda disse que que na próxima semana deverá ter alguns resultados e está em contato direto com a Justiça Eleitoral.

O presidente da CUT/RS, adiantou na ocasião ações das centrais sindicais já engatilhadas contra a Stara, a Extrusor – Máquinas e equipamentos, de Novo Hamburgo. Também serão alvo, três empresas do município de Cachoeirinha: Parks S.A., fabricante de equipamentos de transmissores de comunicação, peças e acessórios, Tecnomola – Indústria de molas Ltda. e a metalúrgica Arauterm.

É só o começo, adianta Cenci, lembrando que ainda há várias denúncias de empresas que postaram nos murais de seus funcionários o ofício da Stara.

“Inadmissível que essa disputa política em curso, que tem que ser assumida como um processo democrático, entre para dentro dos locais de trabalho onde a parte mais forte, o empregador, utilize da sua autoridade, da sua hierarquia, em um tempo de desemprego, de fome e de miséria, para constranger seus trabalhadores e trabalhadoras que pensam diferente”, afirma Cenci.

O presidente da CUTRS completa: a atitude é “abuso de alguns, deixando claro que não são todos, mas alguns bolsonaristas que estão agindo inescrupulosamente”.

CUT lança canal de denúncias

Diante de uma série de casos de pressões para que trabalhadores votem para a reeleição de Jair Bolsonaro (PL) país afora, a CUT Nacional lançou um novo serviço em seu portal.

É uma página dedicada a denúncias de assédio eleitoral, um crime previsto em lei.

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