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Comissão da Violência Obstétrica avalia nascimentos prematuros no Brasil

Uma em cada quatro mulheres sofre durante o período de gestação, pré-parto, perda gestacional, parto e puerpério. Grávidas naturalizam agressões e procedimentos desnecessários
Da Redação / Publicado em 19 de maio de 2023

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Violência obstétrica compreende agressões e procedimentos desnecessários ou não consentidos

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

A comissão especial sobre violência obstétrica e morte materna da Câmara dos Deputados promove novo debate na próxima terça-feira, 23, a pedido das deputadas Sâmia Bomfim (Psol-SP), Antônia Lúcia (Republicanos-AC), Lídice da Mata (PSB-BA), e da presidente do colegiado, Soraya Santos (PL-RJ). Desta vez, sobre o aumento da prematuridade no país.

A violência obstétrica atinge diretamente as mulheres e pode ocorrer durante a gestação, parto e pós-parto. “É o desrespeito à mulher, à sua autonomia, ao seu corpo e aos seus processos reprodutivos”, afirma Antônia Lúcia.

“Uma em cada quatro mulheres sofre durante o período de gestação, pré-parto, perda gestacional, parto e puerpério”, afirma Soraya Santos.

A deputada alerta, no entanto, que esse número pode ser bem maior, já que várias agressões e procedimentos desnecessários costumam ser naturalizados pelas grávidas.

Cesarianas violência obstétrica

Arte: Agência Câmara

Arte: Agência Câmara

Lídice da Mata afirma que a violência obstétrica é um dos grandes desafios a serem enfrentados no cenário de atenção às mulheres, “o que requer o direcionamento de olhares a outros espaços de nascimento, como o domiciliar”.

No Brasil, no entanto, o modelo predominante de nascer é cesariana, lamenta Sâmia Bomfim. “Dados do Ministério da Saúde apontam que essas cirurgias compreendem 56% dos nascimentos no Brasil, sendo que no sistema particular de saúde os números chegam a 88%.”

Sâmia ressalta ainda que bebês nascidos de cesarianas apresentam riscos maiores de dificuldades respiratórias e são internados, em UTI neonatal, com mais frequência.

“Quando não tem indicação clínica, a cesariana aumenta em 120 vezes a probabilidade de problemas respiratórios para o recém-nascido e triplica o risco de morte da mãe”, afirma a deputada.

Foram convidados para audiência, entre outros, a diretora-executiva da ONG Prematuridade, Denise Suguitani, e a presidente da Rede pela Humanização do Parto e Nascimento, Daphne Rattner.

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