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Trabalhadores dos Correios tentam recuperar prejuízo bilionário causado por banco americano

Federação de trabalhadores dos Correios tenta reaver R$ 12 bilhões perdidos por má gestão de ativos de fundo de pensão pelo banco norte-americano BNY Mellon
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 28 de março de 2024
Trabalhadores dos Correios tentam recuperar prejuízo bilionário causado por banco americano

Foto: Divulgação/Fentect

Trabalhadores dos Correios protestam em frente à sede do banco BNY Mellon, no Rio de Janeiro, pedindo a devolução do valor correspondente ao prejuízo

Foto: Divulgação/Fentect

A Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios Telégrafos e Similares (Fentect) está intensificando suas ações para resgatar prejuízo bilionário causado ao fundo de pensão de sua categoria, o Postalis, pelo BNY Mellon Administração de Ativos.

Aos valores de hoje, a estimativa de perdas causadas ao Postalis pela corretora é de R$ 12 bilhões.

Esta semana, a federação que é filiada à Central Única dos Trabalhadores (CUT), contratou a Almeida, Castro, Castro e Turbay, fundada pelo renomado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, para atuar no caso.

A BNY Mellon Administração de Ativos é o braço brasileiro do The Bank of New York Mellon Corporation (BNY Mellon), instituição americana de serviços bancários e financeiros com atuação em todo o mundo e que mantêm escritórios em São Paulo e no Rio de Janeiro.

A má gestão de ativos do Postalis denunciado pela Fentect já rendeu contra o BNY Mellon uma acusação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e uma ação ajuizada pelo Ministério Público Federal em São Paulo (MPF/SP).

Se a CVM entende que o BNY Mellon falhou na  “gestão de liquidez” e promoveu uma “verdadeira armadilha” para os fundos que administrava, o MPF destacou que o banco “praticou atos irregulares que dilapidaram o patrimônio do Postalis e obrigaram os participantes a arcar com uma contribuição extraordinária de 25 98% (além da ordinária de 9%) por 180 meses”.

Banco norte-americano é pressionado por todos os lados

Para o secretário-geral da Fentect, Emerson Marinho, a entrada do escritório de advocacia de Kakay é mais um passo importante da Federação “na busca da recuperação do dinheiro que foi usurpado pelo BNY Mellon e que prejudica milhares de trabalhadores que dependem da aposentadoria”, destaca.

Segundo o dirigente sindical, estava estabelecido no contrato do Postalis com o banco uma cláusula para garantir ressarcimentos por danos causados por possíveis gestões temerárias nos investimentos sob responsabilidade da sua filial brasileira.

Além da frente jurídica, a Fentect tem investido forte na mobilização política para denunciar o prejuízo causado pela instituição financeira e pressionar autoridades brasileiras e americanas para a busca de uma solução.

Em 1° de setembro do ano passado, a federação realizou na frente da sede do banco, em Nova Iorque, um ato internacional que contou com o apoio da UniGlobal Union, organização sindical com sede na Suíça e que congrega entidades de trabalhadores de 150 países.

Em novembro passado, mais de 600 trabalhadores aposentados e na ativa dos Correios sob o chamado da Fentect protestaram na frente do escritório do BNY Mellon no Rio de Janeiro.

De acordo com a federação, “outras mobilizações devem ser organizadas até que autoridades americanas e brasileiras possam obrigar a ex-gestora a devolver o dinheiro do trabalhador”.

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