OPINIÃO

Desculpe-me enquanto beijo o céu

Publicado em 28 de agosto de 2001

O verso lisérgico, disparatado e delirante cunhado por Jimi Hendrix nos anos 60 aplica-se cada vez com maior precisão ao governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. Enquanto o país mergulha cada vez mais fundo (parafraseando um jornalista português, agora que chegamos ao fundo do poço, alguém roubou até mesmo o fundo e o poço) numa crise, esta sim globalizada porque é social, política, ética e econômica, Fernando Henrique beija o céu e, delirante, celebra sete anos de um plano econômico que já fez água há muito tempo e está adernando assim como a Plataforma P36 e, seguindo a mesma sina, a ponto de afundar num mar de dívidas e lama. Enquanto o governo brasileiro vai a Washington pedir mais US$ 20 bilhões ao FMI, dinheiro que será pago (ou não, mas dane-se, ele não será mais presidente) pelas gerações vindouras, por aqui FH anuncia corte de R$ 1 bilhão no orçamento da União. Do alto de sua empáfia, FHC desdenha de todas as críticas e insiste em dizer que o Brasil deu certo sob seu comando. Isso só é verdadeiro se considerarmos o Brasil de FHC, um país habitado por ACMs, Jáderes e toda uma curriola burocrático-administrativa que só tem feito desviar verbas nos últimos anos, agindo como se não houvesse amanhã. Esse Brasil, à margem de milhões de habitantes que trabalham cada vez mais ganhando cada vez menos (poder aquisitivo em baixa), tem dado certo e vai continuar se dando bem a julgar pelo alto teor de pizza que emprenha cada tentativa de investigação seja em forma de CPI ou qualquer outra. A menos, é claro, que esses milhões digam não a tudo isso nas próximas eleições, pois já está provado que a força do voto popular é muito maior do que 10 mil CPIs.

Nota de esclarecimento

Na matéria Colheita Maldita II, edição de julho de 2001, foi publicado na legenda da foto da página 8 que 34,2% dos filhos de fumicultores manipulam agrotóxicos nos municípios produtores de fumo. Queremos deixar claro que este índice refere-se à região de Camaquã, que apresenta as maiores taxas. Quanto ao trabalho desenvolvido pelo Núcleo de Combate ao Trabalho Infantil e Proteção do Trabalhador Adolescente da DRT/RS na área específica de conscientização das famílias, o jornal Extra Classe considera de fundamental importância, embora talvez isso não tenha ficado claro em nossa matéria. O núcleo da DRT vem desenvolvendo um projeto nas escolas e junto às famílias e tem obtido, segundo informações do próprio núcleo, resultados bastante positivos.

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