OPINIÃO

Imprevidência fatal

Publicado em 26 de setembro de 2001

Entre a fatalidade e a imprevidência há uma enorme distância. Quando alguém sai de casa para mais um dia de trabalho e envolve-se num acidente, às vezes de conseqüências extremas, é algo lamentável mas, por vezes, inevitável. Quando não há um fato acidental, ou o acidental torna-se cotidiano e habitual, estamos diante da imprevidência. O Brasil tem vivido quase sempre à beira dos limites da imprevidência social e econômica. As estatísticas revelam um trânsito ainda caótico, onde acidentes são muito mais resultados da imprudência do que de uma pouco provável fatalidade. Números do Brasil revelam que o país tem milhões de pessoas vivendo à margem de qualquer sistema de sustentação social que garanta uma sobrevivência com o mínimo de dignidade. Enquanto isso, FHC ergue a bandeira de “exportar ou morrer”. Necessário se faz dizer que embora a exportação possa ser um alavanca para novos empregos, a verdade é que ainda há uma situação interna muito grave demandando providências urgentes, as quais não são sequer aventadas. O que se vê, na posse de mais um ministro do Desenvolvimento, o quarto desse governo, é, mais uma vez, a confraternização das elites e o aplauso incondicional dos grandes empresários a quem defende com afinco seus interesses, ou seja, FHC e sua equipe, Há muitos anos, quando ainda não fazia discursos apologéticos a ACM, Caetano Veloso resumiu, bem ao seu estilo, a utopia humanista em um único verso: gente é pra brilhar, não pra morrer de fome. Infelizmente, no Brasil ainda estamos longe desse objetivo.

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