OPINIÃO

Curto, médio e longo prazo

Por Paulo Ricardo Bregatto | Professor, arquiteto e urbanista / Publicado em 8 de maio de 2018

Estamos presenciando transformações no mundo atual. Reformas sociais, inovações científicas, evoluções tecnológicas, entre outras. No entanto, indicadores que medem a qualidade de vida têm apresentado dados preocupantes: as pessoas não estão felizes. Avançamos em muitos setores da vida, mas não estamos sendo eficazes em transformar estes avanços em valor agregado capaz de nos permitir uma vida tranquila. Fatores essenciais como acesso ao trabalho, saúde, educação e segurança estão distantes da população.

Vivemos um momento de produção cultural acrítica, bombardeados por muita informação, no entanto nunca produzimos tão pouco conhecimento capaz de nos tirar da zona de urgência. É o paradoxo da tecnologia digital: quanto mais geramos e acumulamos dados, menos sabemos como transformar essas informações em conhecimento. E é o conhecimento o vetor capaz de nos fazer avançar na definição de padrões de qualidade de vida.

Planejar aprendendo com nossos erros e acertos já seria um bom caminho para os nossos gestores. Não se faz o novo negando os grandes acertos ou atropelando as experiências comprovadamente eficazes. Temos visto muito desta prática na gestão do país, empresas e universidades. O jovem não é garantia de inovação, o novo não é indicador de qualidade e a tecnologia não é condição única para os avanços do conhecimento. Claro que é preciso resolver muita coisa com brevidade, mas resolver com urgência o hoje, apenas cobre superficialmente os buracos do ontem, enquanto que a sociedade necessita de uma revisão dos seus códigos de convivência, de uma reformulação ética e moral capaz de pavimentar com inovação a sociedade do amanhã.

Inovação e empreendedorismo se tornaram ferramentas de propaganda da sociedade atual. Mas elas não nascem em qualquer lugar. É preciso que o caminho esteja pavimentado com foco, investimento e cultura experimental. Para acertar em cheio é preciso experimentar muito. A experimentação está no cerne dos processos criativos inovadores e empreendedores. Exige autonomia e coragem e, por isso, é a base dos grandes acertos e das ideias inovadoras, e isto tem muito valor no mercado atual ou no mundo criativo compartilhado.

Temos que reinventar o nosso espírito solidário de grupo. Vivemos em um planeta digital, conectados em rede, mas nunca nos comunicamos tão pouco e nem estivemos tão sós e isolados. Uma das qualidades que fizeram da espécie humana uma das mais bem-sucedidas entre as demais foi a capacidade de agir e reagir colaborativamente com seus pares. Portanto, menos risco e tensão. Menos urgência e decisões superficiais. Mais seriedade e planejamento estratégico de médio e longo prazo para a vida.

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