OPINIÃO

Plenitude na educação física

por Daniel Andrade Geraldi / Publicado em 14 de agosto de 2020

Plenitude na educação física

Foto: Orlando Kissner/ Fotos Públicas

Foto: Orlando Kissner/ Fotos Públicas

A Educação Física no século 20 apresentou diferentes finalidades.

A tendência Higienista tinha como fim adestrar os padrões de higiene, a Militarista de adestrar padrões comportamentais, a Pedagogicista de desenvolver o homem abstrato e, por fim, a Competitivista de formar o cidadão-atleta.

No final do século 20, em resposta a essas tendências, foram desenvolvidas diferentes abordagens (construtivista, sistêmica, cultural, entre outras). Todas elas com diretrizes claras em relação a possíveis finalidades da Educação Física.

Durante boa parte dos meus 17 anos como professor de Educação Física do Colégio Monteiro Lobato e, atualmente, também do Colégio Rainha do Brasil experimentei diferentes abordagens e confesso que nunca me senti totalmente confiante em relação à verdadeira finalidade da disciplina.

Entretanto, a partir dos estudos dos referenciais do professor doutor em Pedagogia Ferdinand Rohr (2007), desenvolvi a confiança necessária para propor uma finalidade para a disciplina.

Rohr (2007) discorre com maestria em relação aos três elementos indispensáveis da educação: o professor, o educando e a tarefa educacional. Identifica o professor como o principal responsável pela tarefa educacional, o educando como o principal beneficiário dela e a tarefa educacional traduzindo-se através da busca do professor em desenvolver a plenitude das dimensões do educando.

A busca pela plenitude amplia significativamente a percepção do professor em relação aos seus alunos, que deixa de percebê-los apenas como corpos em movimento num determinado espaço.

A finalidade de plenitude propõe uma visão multidimensional do ser humano, reconhecendo em cada sujeito diferentes dimensões a serem estimuladas, tais como a físico-corporal-sensorial, a psicoemocional, a prático-laboral-profissional, a relacional-social, a político-econômica, a comunicativa, a étnica, a racional-mental-intelectual, a estética-artística, a ética e a intuitiva-espiritual.

A percepção e o reconhecimento dessas dimensões, por parte do professor de Educação Física, ampliam as possibilidades de ação educacional deste profissional, que passa não apenas a preparar crianças e jovens para buscar vencer jogos, mas para prepará-los para a vida.

Entretanto, para que este profissional possa se tornar um desenvolvedor de plenitudes humanas faz-se necessária uma contínua especialização de formação pedagógica e empírica.

Aí, sim, poderemos ressignificar a finalidade da Educação Física ao desenvolver a Plenitude do Ser.


Daniel Andrade Geraldi é Professor de Educação Física e pesquisador. Graduado em Educação Física, com mestrado em Reabilitação e Inclusão e doutorando em Educação. Leciona nos Colégios Monteiro Lobato e Rainha do Brasil, em Porto Alegre.

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