OPINIÃO

Fome de quê?

Da Redação / Publicado em 16 de agosto de 2021

Foto: Reprodução

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Ao debater objetivos para o desenvolvimento sustentável com metas como o alcance da Fome Zero até 2030, que serão a pauta de uma conferência mundial em setembro sobre acesso a sistemas alimentares, a Pré-Cúpula da ONU realizada na última semana de julho em Roma, na Itália, cobrou dos governos a responsabilidade no combate à insegurança alimentar em seus países. Em todo o planeta, mais de 34 milhões de pessoas sofrem com a fome extrema e 811 milhões estão em situação de insegurança alimentar e fome durante a pandemia, mas esse flagelo é anterior à covid-19, agravado pela crise sanitária, por conflitos internos, alterações climáticas e falta de políticas de combate à fome.

No Brasil, um levantamento feito por pesquisadores do grupo “Alimento para Justiça” da Universidade Livre de Berlim, em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade de Brasília (UnB), apontou que mais da metade dos domicílios (59,4%) se encontram em situação de insegurança alimentar. A segurança alimentar é um direito humano contemplado no artigo 25 da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 e está assegurado aos brasileiros desde 2010 entre os direitos sociais, previsto no Artigo 6º da Constituição Federal.

Mas o país – que havia saído do chamado Mapa da Fome da ONU em 2014, com a adoção de políticas públicas efetivas – vive um retrocesso e está longe do cumprimento dessas garantias. Na pesquisa realizada no final de 2020, 31,7% dos entrevistados relataram estado de insegurança alimentar leve; 12,7%, moderada e 15%, insegurança alimentar grave. Segundo o IBGE, em 2013, a porcentagem de famílias brasileiras que viviam com insegurança alimentar era de 23%. Entre 2017 e 2018, esse número estava próximo de 37%.

Políticas públicas de combate à fome são o tema da entrevista desta edição com a economista, doutora em Saúde Pública pela Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) e professora da Universidade de São Paulo, Tereza Campello. Responsável pelo conjunto de ações que tiraram o país do Mapa da Fome em 2014, quando era ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, ela questiona por que o país exporta os alimentos que estão faltando no prato dos brasileiros. “É um paradoxo nós sermos um grande produtor de alimentos e voltarmos à fome, mesmo expandindo a produção”, aponta.

Economia solidária

Na contramão dos bancos comerciais, que excluem a maior parcela da população ao negar crédito, cobrar juros altos e impor muita burocracia, as instituições comunitárias apostam no potencial de empreendimento e geração de renda nas periferias, onde a economia informal movimenta R$ 168 bilhões por ano no país. São 120 bancos comunitários em 47 municípios, com 145 mil usuários cadastrados e R$ 40 milhões em operações por mês. Os bancos comunitários em todo o país movimentaram cerca de R$ 1,1 bilhão de janeiro a dezembro de 2020. No Ceará, o uso de moedas sociais no primeiro semestre do ano passado cresceu 60,6%, com um volume de R$ 8,2 milhões em operações nos bancos comunitários. São os destaques desta edição impressa do Extra Classe.

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Boa leitura!

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